Mídia
Teste do estresse, Brasil conseguirá se superar, diz ministro Monteiro
Custos sistêmicos, modelo tributário disfuncional e o
desequilíbrio macroeconômico seguem como gargalos para quem quer produzir e
exportar. Ao cenário, já conhecido pelas indústrias brasileiras, foi
acrescentado um novo componente: a crise política. “Vivemos momentos difíceis.
O Brasil está submetido ao teste de estresse, mas não tenho dúvidas ao dizer
que o país vai encontrar respostas e superar tudo isso. Mesmo apontando
mazelas, como a corrupção, as atuais circunstâncias revelaram a solidez e o
alto grau de autonomia das instituições. Em que outro país emergente isso
aconteceria?”, questionou o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior, Armando Monteiro, no lançamento do 44º Prêmio Exportação RS. No
evento, realizado nesta terça-feira (5) no Centro de Eventos do Hotel Sheraton,
em Porto Alegre, também foi anunciado o nome de Alexandre Grendene como Personalidade
Competitividade Internacional e que a grandiosa festa de entrega da premiação
está agendada para 21 de junho, no Bourbon Country, na capital gaúcha.
Ao citar que o projeto de ajuste da economia não se
completou, o ministro apontou dois fatores positivos na situação que o país
atravessa: os realinhamentos de preço e cambial. “O realinhamento cambial,
considerado fundamental na economia, vai pesar na receita das vendas externas.
O novo patamar do câmbio vai permitir que as empresas retomem os canais de
exportação, consequentemente a recuperação dos anos de perdas da indústria”,
destacou. Disse, ainda, que o Brasil está mais competitivo e conseguindo
reduzir as desigualdades dos custos sistêmicos. Exemplo é a substituição das
importações que já vem sendo sentida pelo setor do vestuário.
Mas segundo o ministro, ainda é preciso fazer o dever de
casa. Um dos pontos que precisa evoluir é a reforma estrutural com capacidade
de quebrar a vinculação rígida dos gastos públicos (hoje, 91% das despesas
obrigatórias são folha de pagamento e financiamento da Previdência). “A
economia se contrai e os gastos continuam a se expandir”, relatou o ministro na
palestra Estratégias e Instrumentos para o Desenvolvimento das Exportações
Brasileiras.
40 BRASIS - No plano das exportações, Monteiro
reafirmou que não se opta pelo comércio internacional somente quando é
conveniente. Bem ao contrário, a aposta de contratar demandas externas deve ser
permanente. “Hoje, há um PIB de 40 Brasis fora de nossas fronteiras. E devemos
buscar estes mercados”, disse ele, incitando a plateia, formada pelo
vice-governador do RS, João Paulo Cairoli, presidente de federações e
associações, presidentes e executivos das maiores empresas do Rio Grande do
Sul.
O ministro também destacou três ações trabalhadas com o
mercado externo, entre elas a construção de um padrão de convergência
regulatório com os Estados Unidos, que beneficiará diversos setores, como da
cerâmica; o direcionamento do olhar para os países da Aliança do Pacífico e o fechamento
de acordos na área de serviços e para desgravação tarifária. Por falar em
acordo, ainda em abril deve ser iniciado as trocas comerciais entre Mercosul e
União Europeia, processo que se arrasta há mais de 20 anos.
O presidente da ADVB/RS, Sergio Maia, fez referência a
batalha cotidiana para as empresas crescerem e conquistarem a inserção no
mercado global. “Mesmo sendo a 7ª maior economia, com 3% do PIB mundial, ainda
estamos no 25º lugar em termos de exportações, com apenas 1,2% do total. Do gap
a ser preenchido, as exportações representam atualmente 11,5% da economia
brasileira, uma grande distância da média global de 29,8%. Dentro do universo
mensurado pelo Banco Mundial exportamos proporcionalmente mais apenas que
economias como Afeganistão, Burundi, Sudão, República Centro Africana e
Kiribati”, afirmou.
Para o presidente da ADVB/RS, em um mundo global, poderemos
ser grandes se nos virarmos para fora, viabilizando modelos de negócio com
escala e eficiência suficientes para competir. Segundo ele, o governo não deve
atrapalhar, mas negociar acordos e tratados que eliminem entraves por parte de
outros governos e alocar um pouco do dinheiro que as empresas e os
contribuintes pagam em impostos para reduzir os custos de transação.
“Países não são mais bandeiras, são plataformas onde empresas desenvolvem
seus negócios a escala global, o chamado mundo plano”.
TALENTO – A atenção para a infraestrutura foi a
deixa do vice-governador José Paulo Cairoli. "Hoje não dispomos de
recursos para darmos a guinada tão sonhada para o nosso Estado. Temos estradas
sem condições, energia elétrica deficiente e portos com custos acima do
desejado. Nossa saída passa obrigatoriamente pelas concessões e parcerias com a
iniciativa privada”, defendeu. O vice-governador mostrou que o Estado não
desistiu de alcançar saldo favorável na balança comercial. Uma das alternativas
para estimular os negócios internacionais foi o recente lançamento do programa
ExportaRS, voltado a micro, pequenas e médias empresas. "Sem exportação bem-sucedida
não avançaremos, e existe potencial para todos os segmentos.”
RESPALDO ESTRATÉGICO - Anfitrião do evento, o
empresário e presidente do Conselho Prêmio Exportação RS, Renato Malcon,
enfatizou que a ousadia e o talento dos empreendedores merecem esforços
governamentais de respaldo estratégico e material em vários campos da
responsabilidade pública. “Nestas quatro décadas de prêmio, atravessamos crises
e desencontros, mas nossos empresários souberam vencer os desafios do comércio
com outros países e, com impressionante obstinação, abriram fronteiras,
rasgaram horizontes e deram exemplo de como expandir mercados.”
O 44º Prêmio Exportação é promovido por 19 instituições que
representam o comércio exterior brasileiro. Chamado de Conselho Prêmio
Exportação RS, os representantes destas entidades chamam para si a análise do
ambiente empresarial e do mercado, o que resulta na seleção de empresas com
trajetórias diferenciadas, responsáveis por agregar valor e muita inovação,
trazendo divisas e desenvolvimento para o País e para o Estado. “Atuamos como
curadores do desenvolvimento estratégico e colaboramos para colocar o comércio
exterior em foco. O ápice desse conjunto de ações é a premiação”, complementou
o CEO do Conselho, Paulo Tigre.
PERSONALIDADE
Sob seu comando, a Grendene tornou-se uma das maiores
exportadoras de calçados do Brasil e uma maiores exportadoras de calçados do
Brasil. Posicionamento no mercado global e trajetória profissional que renderam
a Alexandre Grendene o título de Personalidade Competitividade
Internacional. A escolha do seu nome foi unânime no Conselho do Prêmio
Exportação RS.
ADVB/RS