Mídia
Empresa gaúcha fornecerá o vinho oficial para o Mundial de 2014.
Vinícola Lidio Carraro, de Bento Gonçalves, foi
escolhida pela Fifa para garantir o vinho oficial do evento, com direito a
aperitivo já na Copa das Confederações, no próximo mês.
A preparação para uma Copa do Mundo de futebol leva, no mínimo, quatro
anos, e mesmo que a escolha dos jogadores e do treinador sejam as mais
acertadas, não é garantia de vitória. Para uma empresa da serra gaúcha, a conquista
chegou antes mesmo de a bola começar a rolar. É da vinícola Lidio Carraro o
vinho oficial escolhido pela Fifa para o Mundial de 2014. Um aperitivo será
servido nos próximos dias, durante a disputa da Copa das Confederações.
Foi também em um ano de Copa do Mundo – a da França, em 1998 –, que a
família iniciou o projeto de construir uma vinícola em Bento Gonçalves, no Vale
dos Vinhedos. O time de Lídio Carraro (o nome tem acento, a marca, não) é
formado pela mulher, Isabel, três filhos e uma enóloga. A família tem origem na
cidade de Breganze, no Vêneto (Itália). Como em uma acirrada partida de
futebol, o resultado veio depois de muita transpiração e exigiu lances de
habilidade.
Na edição de 2011 da Soccerex, evento realizado no Rio de Janeiro com reúne
entidades, federações, clubes e organizações ligadas ao futebol, a empresa
gaúcha iniciou os contatos com a Fifa para apresentar suas credenciais como
produtora de vinhos. Após um processo de cerca de um ano, que incluiu o envio
de amostras para a sede da federação, na Suíça, veio a confirmação de que a
vinícola gaúcha produziria o vinho vendido durante o evento esportivo. O nome –
Faces – foi inspirado na diversidade do povo brasileiro, conta o diretor
comercial da vinícola, Juliano Carraro, enólogo e filho do fundador.
Serão três tipos: tinto, branco e rosé,
todos assemblage, ou seja, feitos com mistura de duas ou mais variedades de
uvas. Estimada inicialmente em 600 mil garrafas, a produção virá de sete
hectares de vinhedos localizados em Bento Gonçalves, de 36 hectares de
Encruzilhada do Sul e de outras pequenas propriedades rurais que terão
acompanhamento direto dos enólogos da vinícola.
–
Criamos um vinho de caráter mais versátil e jovial. Ele nasce na Copa, mas não
vai morrer – garante Carraro, que já negocia a venda da marca para grandes
redes de varejo.
Juliano Carraro, da Vinícola Lidio Carraro, dá a
sua receita do RS que dá certo
A relação com o esporte não é nova. Em 2007,
a vinícola já havia sido escolhida para fornecer os vinhos do Pan-Americano
disputado no Rio de Janeiro. Coincidência, ligação histórica com o esporte ou
senso de oportunidade? Juliano Carraro escolhe a terceira hipótese, destacando
que o trabalho e o empenho levaram a empresa a buscar outras oportunidades.
Os
vinhos Lidio Carraro chegaram ao mercado em 2004, seis anos após o início das
atividades. Começou com apenas dois rótulos, mas buscou exposição em free shops
de aeroportos.
No
entanto, as vendas não foram suficientes para garantir bons resultados, e
dificuldades surgiram. A busca por uma bebida de mais qualidade exigiu mais
esforço dos proprietários, que driblaram os problemas e mudaram o jogo a partir
do Pan e da associação com o projeto Wines of Brasil, que levou os vinhos da
marca a feiras internacionais.
O
mercado internacional representa hoje cerca de 30% das vendas da Lidio Carraro,
que exporta para 18 países – 16 na Europa, além de Estados Unidos e Canadá. A
produção, que atingiu 380 mil garrafas no ano passado, deve superar as 400 mil
ao final do ano, dos quase 25 rótulos produzidos, de variedades como cabernet
sauvignon, chardonnay, pinot noir, tannat, merlot e outras que foram trazidas
pela família, como touriga nacional, tempranillo e nebbiolo. E a chegada a
outros mercados começou por um país não muito comum: a República Checa.
–
Tudo começou com uma empresária que vendia calçados gaúchos no país. Como ela
levava vinhos para presentear clientes, decidiu abrir uma importadora do
produto, e a oportunidade surgiu – relembra.
Carraro
dá uma dica para o treinador da Seleção Brasileira, Luiz Felipe Scolari, ganhar
o Mundial no próximo ano:
–
Creio que a melhor receita seja "vestir a camisa" do Brasil, buscar a
vitória coletiva com garra, determinação e disciplina.
PerfilFundação:
22 de fevereiro de 2001
Número de funcionários: 23
Principais linhas de vinhos: Grande Vindima, Singular, Elos, Dádivas, Agnus,
Faces e Coletânea
Faturamento 2012: R$ 3,1 milhões
Previsão de faturamento em 2013: R$ 5,5 milhões
Produção atual: 400 mil garrafas por ano (mais 600 mil do vinho Faces até
setembro de 2014)
Lidio Carraro