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Xico, Vasco e Iberê - Fundação Iberê Camargo inaugura duas exposições
Pela primeira vez desde a abertura em 2008, a Fundação Iberê Camargo (FIC) apresenta uma exposição do artista que lhe dá nome junto a dois pares de geração, igualmente fundamentais para a arte moderna gaúcha.
O Ponto de Convergência, que será aberta nesta quinta-feira e recebe o público a partir de sexta-feira, reúne obras de Xico Stockinger, Vasco Prado e Iberê Camargo. Ao mesmo tempo, a instituição inaugura a mostra Alfabeto Infinito, com trabalhos dos artistas caxienses Angela Detanico e Rafael Lain.
No quarto andar, como mostra a foto acima, as pinturas Tudo te É Falso e Inútil V e No Vento e na Terra, de Iberê (1914 – 1994), estão diante de esculturas da série de bronzeGabirus, de Xico (1919 – 2009). Próximo dali, o curador Agnaldo Farias posicionouAcrólito, escultura de Vasco (1914 – 1998) em madeira e bronze:
– Acrólito é um ponto forte. Uma obra incomum e de muita qualidade. E é o mais estranho, enigmático e perturbador trabalho da exposição.
Crítico de arte, professor da Universidade de São Paulo (USP) e curador da Bienal de São Paulo de 2010, Farias conta que procurou apresentar obras criadas pelos três a partir dos anos 1980, momento em que Iberê deixa o Rio e retorna a Porto Alegre. Foi nesse período que o artista iniciou sua consagrada e derradeira fase, voltada à figura humana, e manteve convívio mais próximo com Xico e Vasco.
>> Exposição apresenta obras de Angela Detanico e Rafael Lain
Os três eram amigos – Iberê e Vasco dividiram ateliê – e compartilhavam certa visão na abordagem artística moderna, especialmente no tratamento dado à condição humana, seja em sua dimensão existencial ou social. Iberê pintando, Xico e Vasco esculpindo, ainda que todos desenhassem e fizessem gravura.
– Aproximando as obras dos três, vi um possível ponto em comum, no que diz respeito à discussão do homem, algo que cada um dos três trata em diferentes aspectos – diz Farias.
No caso de Xico, o curador preferiu desviar as célebres esculturas dos guerreiros e cavaleiros com troncos de árvores e peças de ferro para destacar seus Gabirus. Viu nessas figuras expressivas e impactantes, inspiradas na miséria do Nordeste, uma relação com a temática social desenvolvida por Graciliano Ramos em livros como São Bernardo. Farias também incluiu em sua seleção de Xico as grandes esculturas de bronze da série Magrinhas:
– Me interessou a coisa de denúncia dos Gabirus e o fato de o Xico ter sido um homem ativo do ponto de vista político, com posicionamentos fortes.
Em relação a Vasco, o curador também não ressaltou sua produção mais emblemática, as figuras gaúchas e os temas regionais. Além de Acrólito, o artista é contemplado com esculturas de figuras femininas em terracota e bronze de pequenas dimensões:
– A produção de Vasco mostra certa relação com a escultura do passado. É uma obra de muita qualidade que merece ser melhor vista.
Outro destaque de O Ponto de Convergência é a reunião de retratos que Xico, Vasco e Iberê fizeram deles mesmos em pintura, escultura e desenho.
Xico, Vasco e Iberê – O Ponto de Convergência> Abertura quinta-feira, às 19h (para convidados). Visitação a partir de sexta-feira, de terça a domingo, das 12h às 19h, e quinta, das 12h às 21h. Até 17 de novembro. Entrada gratuita.
> Fundação Iberê Camargo (Avenida Padre Cacique, 2.000), em Porto Alegre. Fone (51) 3247-8000.
> A exposição: apresenta esculturas de Xico Stockinger e Vasco Prado, ao lado de pinturas de Iberê Camargo produzidas a partir dos anos 1980. A seleção também reúne desenhos, guaches e retratos dos artistas.
Fundação Iberê Camargo