Mídia
Mostra itinerante Filmes e Vídeos de Artistas na Coleção Itaú Cultural apresenta obras regionais na Fundação Iberê Camargo
De 7 de
novembro a 21 de fevereiro de 2016, 13 obras nacionais representativas que
perpassam os últimos 40 anos do videoarte, serão exibidas na mostra
itinerante Filmes e Vídeos de Artistas na Coleção Itaú Cultural, na
Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre. Os trabalhos compõem um recorte do
acervo do instituto para o gênero, sob a curadoria de Roberto Moreira S. Cruz.
A mostra já
passou pelas cidades de Curitiba, Brasília, Recife, Belo Horizonte e Belém.
Para esta edição em Porto Alegre, além de levar uma das mais recentes
aquisições do acervo Triunfo Hermético, produzida pelo artista plástico
Rubens Gerchman em 1972, o destaque fica por conta da produção recente com
nomes expressivos de quatro artistas gaúchos ou residentes no Sul do país,
indicados por Agnaldo Farias, consultor convidado pela Fundação Iberê Camargo.
São exibidos Alpen projekt 2, realizado em 2012 por Marina
Camargo; Tempo, de Isabel Ramil, de 2013; Fundos, do mesmo
ano, de autoria do gaúcho Eduardo Montelli e Leme dos Ventos, produzido
em 2012 por Letícia Ramos, que é projetado em uma caixa de madeira.
Filmes e
Vídeos de Artistas na Coleção Itaú Cultural ocupa o terceiro e o quarto andares da Fundação Iberê
Camargo. No quarto andar, estão as produções que propõem resgatar a importância
da produção pioneira de audiovisual, trazendo à tona a força inventiva de
filmes e vídeos históricos do acervo. Neste espaço estão trabalhos das décadas
de 1970 e 1980, em VHS, Super 8, 16 mm e portapack, recuperadas e
remasterizadas, de Nelson Leirner, Letícia Parente, Regina Silveira, Rubens
Gerchman e Anna Bella Geiger. “Os próprios autores haviam esquecido de grande
parte desse material, como Homenagem a Steinberg – Variações sobre um tema
de Steinberg: As Máscaras Nº 1, obra de Nelson Leirner, que estava perdida
em sua casa e fizemos o restauro e a remasterizacão”, conta Roberto Moreira S.
Cruz.
Conforme
explica o curador, essa foi uma fase difícil para os artistas por não existir
um mercado que pudesse dar visibilidade a este tipo de produção, em primeiro
lugar. Também porque o cenário cultural brasileiro estava fortemente submetido
à censura imposta pelo regime militar. “Os filmes e vídeos mais originais e
inventivos, realizados neste contexto, permaneceram durante muito tempo
desconhecidos do público e praticamente abandonados nas gavetas dos estúdios e
ateliês dos próprios artistas.” A década de 1970 foi determinante para a
produção audiovisual no Brasil e no mundo. Foi a partir deste período que, pela
primeira vez, a arte contemporânea se aproximou do campo do cinema e do vídeo e
assim, artistas visuais passaram a transitar por estas áreas com obras
experimentais.
A segunda
divisão da exposição, localizada no terceiro andar, joga o foco em obras
contemporâneas realizadas a partir de 1990 até os dias atuais por uma nova
geração de artistas. Esses trabalham com o audiovisual e têm inserção no
mercado, e também o usam como suporte para criar sons, imagens e linguagens
muito particulares.
“Nesse caso,
selecionamos os trabalhos com base na sua representação antológica e na forte
questão mercadológica que representam atualmente”, conta o curador. Nesta
categoria e por apresentarem modos originais de trabalhar a imagem em
movimento, destacam-se criações de Eder Santos, Cao Guimarães, Brígida Baltar, Thiago
Rocha Pitta, Rivane Neuenschwander, Gisela Motta e Leandro Lima, além das
produções dos quatro artistas selecionados especialmente para esta edição.
“Estas obras
não são expressamente cinematográficas e o tempo da projeção pode ser
indeterminado, o filme pode não ter início, meio ou fim, mas todas apontam para
o cinema em sua totalidade”, analisa Cruz, que de 2001 a 2011 foi gerente do
Núcleo de Audiovisual do Itaú Cultural, onde coordenou projetos na área de
cinema e video como o festival ON_OFF – Experiências em Live Image (2005
a 2011) e, com Arlindo Machado e Jorge La Ferla, idealizou e fez a curadoria da
mostra itinerante VISIONARIOS – Audiovisual na América Latina.
Cruz é,
ainda, consultor da Coleção de Filmes e Vídeos do Itaú Cultural e curadorde Cinema Sim: narrativas e projeções (Itaú Cultural, 2008); Fluxus
2011 (Oi Futuro - BH); Fluxus Black and White (Oi Futuro - BH,
2012) Coleção Itaú Cultural de Filmes e Vídeos (Palácio das Artes – BH,
2012; Museu Nacional - DF, 2013).
Coleção
A Coleção
Itaú Cultural de Filmes e Vídeos de Artistas começou a ser formada em maio
de 2011, com o seminário Filme, Vídeos e Arte: Compartilhando
Experiências. No encontro, ocorrido no Itaú Cultural, representantes de
centros culturais e galerias, colecionadores e especialistas debateram sobre
melhores práticas voltadas para constituição de acervos e das metodologias de
conservação e difusão de obras de arte audiovisuais. O instituto vem formando
esse acervo consciente da importância dessa produção pioneira no país, e,
fundamentalmente, de sua conservação, valorização, preservação e difusão. A
iniciativa é inédita no Brasil onde não se tem notícia de outras instituições
culturais que possuam esse tipo de coleção, que traz ao observador a força
inventiva destas imagens.
A
parceria
Filmes e
Vídeos de Artistas na Coleção Itaú Cultural chega a Porto Alegre por meio de uma parceria entre o
Itaú Cultural e a Fundação Iberê Camargo. A relação entre ambas começou com o
apoio do banco Itaú à fundação; depois, por ações conjuntas entre as duas
instituições.
Entre essas
ações estão a itinerância da exposição Sob o Peso dos Meus Amores, sobre
o artista plástico Leonilson, que ocorreu em 2011 em São Paulo e em 2012 em
Porto Alegre; e a publicação da mostra virtual As Bicicletas de Iberê (sites.itaucultural.org.br/bicicletasdeibere),
com vídeos, fotos e textos em torno da obra de Iberê Camargo.
Acervo
Iniciada em maio de 2011, a coleção Itaú Cultural de Filmes e Vídeos de Artistas é
formada pelas seguintes obras:
1.
O Pintor Joga o Filme na Lata de Lixo (2008), de Cao
Guimarães
2. Memória -
Cristaleira (2001), de Eder
Santos
3. Cinema (2009),
de Eder
Santos
4. Coletas, (1998 /
2005), de Brígida Baltar
5.
Marca Registrada (1975), de Letícia Parente
6. Passagens I, (1974), de Anna Bella Geiger
7. Sunday (2010), de Rivane e Sergio
Neuenschwander
8. Translado (2008), de Sara Ramo
9.
Planeta Fóssil (2009), de Thiago Rocha
Pitta
10. Neutrino (2010), de Feco Hamburger
11. Projeção
0 e 1 (2012), de
Luiz Roque
12.
Partida (2005), de Alberto Bittar
13.
A arte de Desenhar (1980), de Regina Silveira
14. Homenagem a
Steinberg – Variações Sobre um Tema de Steinberg: As Máscaras Nº 1 (1975), de Nelson
Leirner
15.
Amoahiki - Árvores do Canto Xamânico (2010), de Gisela Motta e
Leandro Lima
16. Triunfo Hermético (1972), de Rubens Gerchman
Fundação Iberê Camargo