Mídia
Mostra dos 100 anos de Iberê Camargo na revista Veja
O Gaúcho Iberê Camargo atacava suas telas com duas armas: excelência técnica e vigor emocional. A mostra que festeja seu centenário comprova que el foi o Pelé da pintura.
Se a modesta história da arte brasileira coubesse numa refrega futebolística, o gaúcho Iberê Camargo (1914-1994) seria função bem definida em campo: ser o carrasco de camisa 9. Com o pincel na mão, em vez da bola no pé, ele partia para o ataque fulminante às telas. Por vezes, de jeito literal: após concluir as obras gigantes que deram o tom grave da fase final de sua carreira, nas quais figuras informes de olhos vazios fitam o espectador com arrepiante apatia, o pintor raspava a tinta sem dó, em ataques de fúria que podiam culminar na destruição das telas. Dua mulher, Maria, valia-se de uma piada para expor sua contrariedade nessas horas: "minha vontade era construir um alçapão sobre os pés do Iberê, para que, quando ele começasse a destruir o quadro, eu tivesse apenas que puxar uma corda e, pronto, lá se ia ele para baixo!"
Fundação Iberê Camargo