Mídia
Erico bem de perto
Um dos grandes nomes da literatura brasileira, Erico Verissimo (1905 – 1975) estará ainda mais próximo dos leitores gaúchos a partir desta segunda-feira (23/9).
Ao meio-dia, uma cerimônia para convidados marca a inauguração do memorial dedicado à vida e à obra do escritor, no Centro Cultural CEEE Erico Verissimo, no centro de Porto Alegre. Nesta terça (24/9), o espaço será aberto à visitação.
Dois dos seis andares do prédio, que data do início da década de 1920 e é conhecido como “Força e Luz”, receberam o acervo de mais de 3 mil itens, entre 34 volumes originais, manuscritos, mapas, correspondências, desenhos, fotos, vídeos, filmes e fortuna crítica. No terceiro andar, o visitante acompanha uma linha do tempo afixada na parede lateral, caracterizada por fatos marcantes da vida do escritor, e sete ambientações que remetem a obras do acervo, por meio de uma linguagem lúdica e com recursos multimídia. No sexto andar, expositores destacam originais, em uma mostra que será renovada periodicamente. Em espaço destinado à leitura, estarão disponíveis livros do “contador de histórias”, como o próprio Erico se autodenominava. Todos esses documentos foram digitalizados e também estarão à disposição para consulta em dois terminais, no próprio local, ou no site da instituição.
O Memorial Erico Verissimo reúne os acervos de dois amigos do escritor: o jornalista e bibliófilo Mário de Almeida Lima, morto em 2003, e o doutor em Letras Flávio Loureiro Chaves, que organizou a obra póstuma, o segundo volume das memórias O Solo de Clarineta.
– Desde 1999, o pai queria tornar o acervo público, mas sempre com a preocupação de que fosse para um local que tivesse condições de expor e de conservar os documentos – observa o editor Paulo Lima, um dos filhos de Mário.
Além de destacar a importância do Memorial, por trazer extensa documentação que comprova ser Erico um grande escritor e por manter o acervo no Rio Grande do Sul, Flávio Loureiro Chaves salienta o fato de tornar públicos esses documentos:
– O fundamental do projeto não está somente em preservar este acervo, mas de colocá-lo à disposição das pessoas, e não somente do público acadêmico, mas do público leitor. É fundamental, porque a literatura não é um fetiche para ser enclausurado.
O acervo que passa a ser compartilhado contempla desde a primeira obra de Erico, com os originais da segunda edição de Fantoches, até seu último livro, com os originais do segundo volume de Solo de Clarineta, obra póstuma.
– A ideia é manter a memória viva. E este é o grande serviço que o Centro Cultural CEEE Erico Verissimo presta à sociedade, de guardar, conservar e colocar à disposição – diz a coordenadora do Memorial, a professora do Instituto de Letras da UFRGS Márcia Ivana de Lima e Silva.
Com a inauguração do Memorial, que tem o patrocínio do Grupo CEEE e do Grupo Gerdau e incentivo via Pro-Cultura RS, levanta-se a possibilidade de os originais e os documentos sob responsabilidade da família de Erico e que hoje se encontram no Instituto Moreira Salles (IMS), no Rio de Janeiro, retornarem ao Rio Grande do Sul no futuro. Em entrevista por e-mail, desde Nova York, Luis Fernando Verissimo não descartou a chance de que, no fim do contrato com o IMS, o material sobre o pai possa finalmente vir do Rio para o CCCEV.
Programe-se
> O Memorial Erico Verissimo se localiza no Centro Cultural CEEE Erico Verissimo (CCCEV), na Rua dos Andradas, 1.223, no centro de Porto Alegre
> Visitação a partir desta terça (24/9), de terça a sexta, das 10h às 19h, e aos sábados, das 11h às 18h, com entrada franca
> Agendamento de visitas de escolas, pesquisadores ou grupos deve ser feito pelo sitewww.cccev.com.br ou pelo e-mail cccev@cccev.com.br
> O acervo também poderá ser consultado pelo site www.cccev.com.br
Destaques do Memorial
> Originais de Fantoches (1932 /1972): primeiro livro de Erico, cuja segunda edição foi publicada para comemorar os 40 anos de carreira do escritor e traz na marginália caricaturas, ilustrações, observações e comentários feitos de próprio punho.
> Originais de O Retrato (1951): segunda parte da trilogia O Tempo e o Vento. São mais de mil páginas datilografadas, com rasuras manuscritas pelo próprio Erico.
> Originais de Solo de Clarineta – Volume 2 (1976): obra póstuma de Erico que traz a segunda parte das memórias do escritor. São 94 páginas originais, com rasuras e desenhos, organizadas por Flávio Loureiro Chaves.
> Original do mapa de El Sacramento: ilha imaginária do romance O Senhor Embaixador (1965), que seria localizada no Caribe.
> Original do mapa de Antares: cidade criada para o romance Incidente em Antares(1971), que traz detalhes da praça central e o trajeto dos principais personagens.
> Disco compacto Fragmentos de O Tempo e o Vento (1960): traz a gravação da voz de Erico Verissimo, fazendo a leitura de seus próprios textos.
Centro Cultural CEEE Erico Verissimo