Mídia
Dez se especializa e crescerá 30% com meio digital
O
mercado digital vai puxar a expansão de receitas do grupo de comunicação Dez em
2013. O segmento, que ganhou unidade exclusiva há três anos, a Zoo, testa as
mutações da publicidade e as novas exigências para estabelecer relações entre
marca e consumidor, aponta o presidente da Dez, o publicitário Mauro Dorfman. O
grupo, criado em 1992, em Porto Alegre, também reforça que a especialização
virou trunfo. O setor imobiliário, que representa até 20% do faturamento da
carteira de clientes, ganhou mais espaço. O mercado de São Paulo entrou no
radar da operação, com a Zed, braço para desenvolver ações de marketing e
inteligência no ponto de venda, como da conta BRF Foods. Dorfman promete mais
especialidades. Só não as conta, antes de lançar a campanha. JC Empresas &
Negócios – O que mudou no jeito de fazer propaganda e na Dez?
Mauro
Dorfman – O mundo mudou, a comunicação mudou e nós mudamos demais. Em 1993,
o
papel de uma agência era fazer campanhas publicitárias boas e eficientes. Vinte
anos depois, fazemos a gestão de Comunicação dos clientes. As campanhas são uma
parte da resposta. Viramos co-gestores da comunicação dos clientes. Hoje são
muitos canais, por isso temos de ser mais orgânicos, criativos e flexíveis.
Passamos de agência de propaganda a grupo de comunicação.
Empresas
& Negócios – Criar uma unidade para a área digital é exemplo desta mutação?
A
Zoo, a unidade online, tem apenas três anos. É impossível negar a internet e
outros meios digitais como mídias poderosas. Os investimentos em mídia digital
só crescem. Nos Estados
Unidos,
canalizam 23% das verbas publicitárias. No Brasil, é bem menos, mas é o meio
que mais cresce. O que era no passado uma cruzada da inovação versus o
tradicional está superado. Há quatro anos se dizia que quem não fosse para a internet, iria morrer. Não concord e nem vai ocorrer isso. A Dez está preparada para usar as ferramentas do presente. Criamos uma unidade digital que aportou inteligência, repertório e capacidade de pensar o
setor de forma privilegiada.
Empresas & Negócios – Qual é o trunfo da mídia digital?
Dorfman – Consegue-se ter uma medida estatística mais específica de
impacto da ação do que
nos meios ditos offline. A métrica para avaliar o impacto no publico dá
um banho. Mas a internet é muito mais que isso. É um ambiente de interação e
relacionamento. O uso não é tão massivo como outros meios, há operações mais
apropriadas, outras não. Nossa dinâmica é entender o desafio e fazer recomendação
original.
Empresas & Negócios – Qual é o tamanho da agência?
Dorfman – São 90 pessoas na equipe, 10 dedicados a Zoo e Trade Zed
(marketing no ponto de venda). O grupo vai crescer para dar conta do aumento de
30% na receita com a área digital projetado para 2013, enquanto o número global
avançará 20%. As verbas publicitárias seguirão neste ritmo. Ficamos estáveis em
2012.
Empresas & Negócios – Os anunciantes continuam a pisar no freio
durante a crise, quando
especialistas defendem que é hora de investir?
Dorfman – Dizem que não deveria ser assim; também acho. Mas o ânimo de
investir em comunicação está totalmente atrelado a
expectativas positivas sobre a economia. Maus
esultados reduzem verbas. Isso afeta todos os tipos de bens. As empresas
estão cada vez
mais
de olho na gestão de custos.
Empresas
& Negócios – A pressão por resultado cresce na crise?
Dorfman
– A pressão por eficiência e resultado é sempre crescente, seja na crise ou na
aceleração. Temos de aperfeiçoar capacidade de dar retorno e de participar de
processos estratégicos e da formatação das operações. Quanto mais a agência
estiver integrada organicamente à vida da empresa, melhor a operação de
comunicação e os resultados. Não
gostamos
que nos vejam como simples fornecedores.
Empresas
& Negócios – O que fez a Dez?
Dorfman
– O mercado imobiliário ganhou unidade exclusiva, onde atendemos OAS
Empreendimentos, Goldsztein Cyrella e NEX. Com o novo ciclo do setor e grande
demanda, as entregas ficaram mais lentas. Entendemos que é um setor que
crescerá e exige Comunicação específica. Como agência, precisamos, por exemplo,
saber o impacto de comunicar o que ficaria pronto em 24 meses e agora ficará em
36 meses. A conversa entre
marca
e público é permanente.
Empresas
& Negócios – As empresas estão elevando as verbas?
Dorfman
– Nossos clients aumentaram pelo menos 20%. Há um ambiente geral de aquecimento.
No
agronegócio, ocorre uma retomada. Os lançamentos de imóveis cresceram.
Trabalhamos
o
lançamento de produtos inovadores com a BRF Foods.
Empresas
& Negócios – O fôlego do consumo da classe C não se esgotou?
Dorfman
– Vivemos um amadurecimento. Desacelera o contingente de multidões que
ingressaram no mercado de consume nos últimos dez anos. É uma surpresa e
revolução no mercado, mas continuamos a lidar com essa massa. A economia do
País cresceu pouco nos anos recentes, mas o surto de consumo se mantém. Há
temores de desaceleração no setor imobiliário, mas há muito déficit de moradia.
Empresas
& Negócios – Como a publicidade aporta soluções a esta massa de
consumidores?
Dorfman
– Antes tínhamos uma classe média pequena, consumidora e muito uniforme,
sentada em frente à televisão, ouvindo rádio ou lendo jornal. Hoje o público é
mais variado e amplo, numeroso e crítico, não dá para olhar para operar um
canal e uma linguagem. Ele é muito mais esperto, educado e cultivado no bom sentido
para o consumo. Temos de falar mais sério, sermos mais variados e mais
constantes. Portanto, mais eficazes. Para um consumidor tão mutante, a conversa
tem de ser mais longa e continuada.
Empresas
& Negócios – As verbas são suficientes para este nível de comunicação?
Dorfman
– Nem sempre é dinheiro, mas mais esforço, trabalho e disposição para falar.
Verba tem de administrar. O aumento de verba dependerá da economia, mas sei
dizer que os esforços serão mais múltiplos. É difícil estabelecer a fronteira
entre produto e comunicação.
Empresas
& Negócios – A especialização que foi levada para web e imóveis vai entrar
em outros ramos?
Dorfman
– Essa foi a nossa resposta para o desafio atual, de posicionamento no mercado.
O
novo
formato que ativamos há três anos está frutificando. Teremos novas unidades,
mas não
posso
revelar em quais setores. É sempre um esforço de especialização para um
segmento da economia, que precisa ter suas especificidades entendidas. Hoje 15%
a 20% das verbas que gerimos vêm da área imobiliária.
Empresas
& Negócios – Como está a operação em São Paulo?
Dorfman
– A Zed faz muito mais que simples ações de promoção, mas inteligência no ponto
de venda. Ou seja, entender que um sujeito chamado shopper, que é a pessoa que
executa o ato da compra, não é exatamente o consumidor. A comida do bebê quem
compra é a mãe. Isso implica muita complexidade, que envolve o ante e o depois desse
ato. Estamos mais dedicados a entender as verdades do shopper e implementar
operações para as marcas. Estas ações envolvem desde pesquisa até a
arquitetura.
Empresas
& Negócios – O que é proibido fazer no ponto de venda?
Dorfman
– Não se deve tentar impor uma verdade e nem tomar decisão isoladamente no
escritório. Deve-se sempre ouvir, observer e satisfazer as necessidades. Tem um
diálogo. A empresa e a marca têm de propor, mas fazer isso conversando e
ouvindo.
Dez Comunicação