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Arte Povera na Fundação Iberê Camargo
A Arte Povera (Arte Pobre, em tradução livre), um dos mais emblemáticos movimentos artísticos italianos da segunda metade do século XX, é tema da quinta exposição do calendário de 2014 da Fundação Iberê Camargo. "Limites Sem Limites. Desenhos e Traços da Arte Povera", ocupará entre 22 de agosto e 2 de novembro de 2014 o terceiro e o quarto andares da Fundação, além do vão do átrio, com 25 obras de 13 artistas do grupo original que, em meados da década de 1960, quando a Itália havia acabado de se recuperar dos efeitos devastadores da Segunda Guerra Mundial e passava por grandes transformações sociais, buscava promover uma arte antielitista a partir do uso de materiais simples.
Os artistas do grupo se dedicaram a romper com suportes artísticos tradicionais, como o quadro, com o objetivo de desafiar a tradição, a ordem e a estrutura. O movimento se dissipou na década de 1970, na esteira dos assassinatos políticos e do crescimento da organização terrorista Brigate Rosse (Brigadas Vermelhas), que diminuíram o interesse pelo posicionamento revolucionário da tendência artística. Ainda assim, até hoje a corrente segue influente no cenário internacional das artes.
O escultor, artista permormático e conceitual Gilberto Zorio (nascido em 1944), conhecido por experimentações artísticas com eletricidade e processos químicos, terá um trabalho inédito apresentado na mostra. A Fundação também exibirá obras de Giovanni Anselmo (1934), Mario Merz (1925-2003), Marisa Merz (1926), Michelangelo Pistoletto (1933), Alighiero Boetti (1940-1994), Pier Paolo Calzolari (1943), Luciano Fabro (1936-2007), Jannis Kounellis (1936), Giulio Paolini (1940), Giuseppe Penone (1947), Pino Pascali (1935-1968) e Emilio Prini (1943). A curadoria é de Gianfranco Maraniello, diretor da Instituição dos Museus de Bolonha, que inclui MAMbo, Museo Morandi e outros 11 museus da cidade.
Apesar de os artistas dedicarem-se a métodos de produção alternativos, o desenho - escolhido como norte conceitual da mostra pelo curador - foi explorado de uma forma particular por cada um deles. Essa prática, que poderia ser considerada convencional, foi renovada pelo núcleo da Arte Povera e unida a outras técnicas. Os trabalhos que serão expostos em Porto Alegre "por vezes chegam a extrapolar os limites da parede em direção ao espaço expositivo, e demonstram a variedade de poéticas trabalhdas pelos artistas do movimento. A obra na Arte Povera não está mais localizada no perímetro de um espaço, mas é uma oportunidade para reconhecer no agir artístico a ativação dos papéis, comportamentos, energias que, inversamente, criam 'espaços', físicos e relacionais. O desenho nesse movimento é uma revelação destas dinâmicas: cada sinal se torna pista, surge para retornar algo diferente de si mesmo, à passagem da vida, removendo o produto para recuperar a ação produtiva", diz Gianfranco Maraniello. A exposição é patrocinada pelas empresas Gerdau, IBM, Itaú, Vonpar e Banco Votorantim.
Gianfranco Maraniello
Nascido na Itália em 1971, Gianfranco Maraniello é formado em Filosofia e foi professor de Estética dos Novos Meios na Academia de Belas Artes de Brera (Milão). Foi curador do MACRO - Museo Arte Contemporanea Roma (2002-2005), do Palazzo delle Papesse - Centro d'Arte Contemporanea di Siena e da VI Bienal Internacional de Arte de Xangai. Desde janeiro de 2013, é diretor da Instituição dos Museus de Bolonha, que inclui MAMbo, Museo Morandi e outros 11 museus pertencentes à cidade de Bolonha. Foi curador de várias mostras coletivas e individuais realizadas em museus nacionais e internacionais, e escreveu diversos artigos e ensaios, encomendados por instituições como o Centre Georges Pompidou (Paris), o Hiroshima City Museum of Contemporary Art (Hiroshima), Palais de Tokyo (Paris), a Fundação de Serralves (Porto) e a Galerie pele Zeitgenossiche Kunst (Leipzig).
Fundação Iberê Camargo