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28/04/2014
Um Trágico nos Trópicos
Retrospectiva inédita
no CCBB São Paulo marca o início das homenagens ao centenário de Iberê Camargo
Recorte extenso das
obras do artista ocupará todo o prédio da instituição em São Paulo
Projeto é uma
co-realização do CCBB São Paulo com a Fundação que leva o nome do artista.
O Centro Cultural
do Banco do Brasil de São Paulo dá inicio às homenagens do centenário de nascimento de um dos maiores artistas brasileiros, Iberê
Camargo, com a exposição “Um Trágico nos Trópicos”, que acontece no
período de 3 de maio a 7 de julho de 2014. O projeto, que tem co-realização da Fundação
Iberê Camargo, configura-se como a primeira grande exposição do artista em
São Paulo nos últimos dez anos, em alinhamento com as iniciativas da Instituição para o Centenário de seu artista
patrono.
O CCBB
São Paulo abrigará em torno de 145 obras de Iberê, entre pinturas e
gravuras da coleção da Fundação e de colecionadores, de forma a apresentar ao público parte importante da
história do artista e sua relevância para as artes visuais no Brasil. Ao todo,
serão aproximadamente 55 pinturas (das quais 50% pertence ao acervo da Fundação), cerca de 80 desenhos e gravuras (todos do acervo
da Fundação) e mais de 10 matrizes de gravura.
Com curadoria de Luiz
Camillo Osório, a exposição retrospectiva tem como premissa uma relação direta
entre a presença viva da matéria pictórica e a potência trágica da pintura de
Iberê. “A ênfase está na fase madura do artista, mostrando-a como coroamento de
sua trajetória, em que a recuperação da figura foi menos um retorno a algo que
havia sido abandonado e mais uma explicitação da corporeidade – do homem e da
pintura – e sua inscrição como visualidade
encarnada”, afirma Camillo.
A primeira sala, no
quarto andar, o ponto de partida do percurso, trará uma retrospectiva com os
vários momentos da trajetória do artista. Segundo Camillo, “da pequena paisagem
dos anos 1940 às enormes telas da última fase, a pintura vai se exasperando, o
gesto com pincel e espátula vai ficando mais encrespado e mais introspectivo. A
sala do terceiro andar será toda dedicada a esta última fase, das telas
trágicas, do pintor diante de uma espécie de desespero inconformado, nada
cínico, que aposta todas as suas fichas na força do acontecimento pictórico,
como uma espécie de reencantamento sensorial a contrapelo de nossa eficiência
técnica e instrumental. No segundo andar, veremos o processo de amadurecimento
da trajetória de Iberê, dos carretéis até as telas dos anos 1980, quando
a figura humana começa a reaparecer em suas obras. É a conquista de um estilo.
No subsolo haverá uma pequena mostra complementar
do Iberê gráfico, apresentada como uma exposição de câmara, intimista, em que
muitos dos seus temas e obsessões são trabalhados no corte preciso da linha e
das várias experimentações realizadas como gravador”.
Iberê Camargo,
considerado um dos grandes e mais importantes nomes da arte brasileira do
século 20, é autor de uma obra extensa, que inclui pinturas, desenhos, guaches
e gravuras, com traços e sensibilidade única. Suas referências desde jovem eram
personalidades independentes, como Guignard e Goeldi. Na Europa, estudou com
mestres como Giorgio de Chirico, Carlos Alberto Petrucci, Antônio Achille e
André Lhote.
Iberê exerceu forte liderança no meio artístico e intelectual durante sua
carreira. Teve sua obra reverenciada em exposições de renome internacional,
como a Bienal de São Paulo, a Bienal de Veneza, a Bienal de Tóquio e a Bienal
de Madri, e integrou inúmeras mostras no Brasil e em países como França,
Inglaterra, Estados Unidos, Escócia, Espanha e Itália. A questão do corpo e da
carne (seja a da pintura e das tintas, seja a do homem e sua existência) marca
a obra do artista desde seu início nos anos 1940 e a percorre até o final, nos
anos 1990. Esta preocupação faz ressaltar a própria urgência da vida e sua
inevitável finitude, com uma pincelada nervosa e precisa. Iberê faleceu em
1994, em Porto Alegre, deixando um acervo de mais de cinco mil obras – entre
pinturas, gravuras, desenhos, guaches e documentos pessoais, que em grande
parte integram o acervo da Fundação Iberê Camargo na capital sul rio-grandense.
A realização de “Um
Trágico nos Trópicos” somente se viabilizou através de uma parceria da Fundação
Iberê Camargo e o Centro Cultural Banco do Brasil, ambas instituições de grande
magnitude no cenário cultural brasileiro. Sobre a parceria, Marcos Mantoan,
Gerente Geral do CCBB SP, comenta: “Estamos muito felizes com a parceria e a
grande oportunidade de homenagearmos um dos maiores artistas brasileiros de
todos os tempos”.
Para Fábio Coutinho,
da Fundação Iberê Camargo, “a oportuna homenagem do CCBB à Iberê Camargo no ano
de seu Centenário e a parceria entre essas duas instituições demonstram o seu
comprometimento em oferecer projetos de grande relevância cultural. Esperamos
que a apresentação da obra de Iberê no CCBB aproxime ainda mais o público do
legado desse grande artista.”
Integrando a
retrospectiva, o CCBB São Paulo prepara atividades especiais junto à sua equipe
educativa, como, por exemplo, visitas mediadas, oficinas educativas e
atendimento ao público especial por meio de materiais táteis, no intuito de
democratizar o acesso à obra do artista, considerado um dos mais importantes
personagens da história da arte no Brasil.
Juntamente com a
exposição, será publicado também um catálogo inédito com texto do curador Luiz
Camillo Osório, incluindo textos e entrevistas de Iberê envolvendo
personalidades como Augusto Massi, Carlos Martins, Clarice Lispector, Flávio
Aquino, Joel Pizzini, Jorge Guinle, Lisette Lagnado, Paulo Reis e Pierre
Courthion.
“Não há um ideal de beleza,
mas o ideal de uma verdade pungente e sofrida que é a minha vida, é tua vida, é
nossa vida, nesse caminhar no mundo.” – Iberê Camargo.
Resumo Biográfico – Iberê Camargo
Iberê Camargo nasceu
em Restinga Seca, cidade do interior do Rio Grande do Sul, em novembro de 1914.
O interesse pela arte manifestou-se cedo em Iberê que, já aos quatro anos,
sentado debaixo da mesa, passava horas a fio a desenhar. Sua infância e as
lembranças de sua cidade natal, como a estação ferroviária em que seus pais
trabalharam, são elementos marcantes nas primeiras obras de sua carreira.
Em 1928, o artista ingressou na Escola de
Artes e Ofícios de Santa Maria (RS). Lá, teve aulas com Frederico Lobe e
Salvador Parlagreco. Sua mudança para Porto Alegre ocorreu apenas em 1936, ano
em que iniciou o curso técnico de desenho de arquitetura do Instituto de
Belas-Artes e começou a trabalhar como desenhista na Secretaria de Obras
Públicas do Rio Grande do Sul. Decidido a ser
pintor e sentindo a necessidade de encontrar os meios que possibilitassem tal
realização, Iberê mudou-se para o Rio de Janeiro, em 1942, com o apoio de uma
bolsa de estudos concedida pelo Governo do Estado do Rio Grande do Sul.
Insatisfeito, porém, com a proposta acadêmica da Escola Nacional de
Belas-Artes, deixou a instituição e, ainda na capital fluminense, passou a ter
aulas com Alberto da Veiga Guignard. Em 1943, junto de outros artistas, fundou
o Grupo Guignard.
No Salão de Arte
Moderna de 1947, Iberê Camargo apresentou a obra intitulada Lapa, pela
qual recebeu o Prêmio de Viagem à Europa. Ávido por conhecimento, tornou-se
aluno de nomes como Giorgio de Chirico, Carlos Alberto Petrucci, Antônio
Achille, Leone Augusto Rosa e André Lhote. Seu retorno ao Brasil aconteceu em
1950. A partir de 1958, devido a limitações físicas provocadas por uma hérnia
de disco, Iberê trocou o desenho e a pintura ao ar livre pelo trabalho no
ateliê. Como motivo de suas composições, adotou o carretel, seu brinquedo de
infância, desenvolvendo a partir dele sua pesquisa formal. Em 1961, recebeu o
Prêmio de melhor Pintor Nacional na VI Bienal de São Paulo, com a série Fiada
de carretéis.
Ao longo de sua vida,
Iberê Camargo exerceu forte liderança no meio artístico e intelectual. Entre
várias outras atividades, destaca-se sua participação na organização do Salão
Preto e Branco, em 1954, e, no ano seguinte, do Salão Miniatura,
ambos realizados em protesto às altas taxas de importação de material
artístico. O artista ainda lecionou, no ano de 1970, na Escola de Belas-Artes
da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Conhecido por seus
carretéis, ciclistas e idiotas, Iberê nunca se filiou a correntes ou movimentos
artísticos. Suas obras participaram de exposições de renome internacional, como
a Bienal de São Paulo, a Bienal de Veneza, a Bienal de Tóquio e a Bienal de
Madri, além de integrarem numerosas mostras no Brasil e em países como França,
Inglaterra, Estados Unidos, Escócia, Espanha e Itália.
O artista faleceu em
1994, em Porto Alegre, deixando um acervo de mais de cinco mil obras, entre
pinturas, gravuras, desenhos, guaches e documentos pessoais. Grande parte delas
foi deixada à sua esposa, Maria Coussirat Camargo, e hoje integra o acervo da
Fundação Iberê Camargo.
Resumo Biográfico – Luiz Camillo Osório
Luiz Camillo Osorio é
Professor do departamento de filosofia da PUC-RJ e curador do Museu de
Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro, desde 2009.
Dedica-se ao ensaio e
à crítica e é autor dos livros Flavio de Carvalho: uma poética em
trânsito, Cosac&Naify, SP, 2000; História de uma coleção: arte
brasileira entre os anos 1960 e 1980 no acervo do banco JPMorgan-Chase, Rio
de Janeiro, Andrea Jakobson Estúdio, 2003; Abraham Palatnik,
Cosac&Naify, 2004; Razões da Crítica, Zahar, RJ, 2005; Ângelo
Venosa, Cosac&Naify, 2008; Ione Saldanha - Fundação Iberê Camargo/
Cosac&Naify, 2012; Coleção Gilberto Chateaubriand – anos 90/ 00 e
novíssimos, Barléu, 2014.
Realizou várias
exposições como curador independente, entre elas “MAM-SP 60 anos”,
OCA-Ibirapuera, 2008; “O Desejo da Forma: do Neoconcretismo a Brasília”,
Akademie der Künste, Berlim, 2010; “Raimundo Colares”, MAM-SP, 2010; “Ione
Saldanha”, Fundação Iberê Camargo/ MON-Curitiba e MAM-RJ, 2012/13.
Sobre o CCBB São Paulo
Inaugurado em 2001, o CCBB São Paulo busca a
diversidade em seus projetos expositivos, que abrangem desde exposições
históricas até movimentos contemporâneos, nacionais e internacionais. Depois de
sucessos de público e crítica como “Impressionismo, Paris e a Modernidade” e
“Mestres do Renascimento”, intervenções urbanas como as dos artistas Antony
Gormley e Cai Guo-Qiang, apresenta agora uma homenagem a um dos mais
importantes artistas brasileiros.
Sobre a Fundação Iberê Camargo
A Fundação Iberê Camargo, criada em 1995, um
ano após a morte do artista, tem como objetivo preservar e divulgar sua obra.
Além de aproximar o público deste que é um dos grandes nomes da arte brasileira
no século 20, a instituição procura incentivar a reflexão sobre a produção
contemporânea. A instituição realiza exposições, seminários, encontros com
artistas e curadores, cursos e oficinas sobre a obra de Iberê Camargo e sobre
questões ligadas à arte contemporânea, a fim de promover uma reflexão
sistemática sobre o fazer artístico. A sede da Fundação, inaugurada em 2008,
foi projetada por Álvaro Siza, um dos arquitetos contemporâneos mais
importantes do mundo.
SERVIÇO
Iberê Camargo: Um Trágico nos Trópicos
Curadoria: Luiz Camillo Osório
Período: 3 de maio a 7 de julho
Horário de funcionamento: das 9h00 às
21h00, de quarta à segunda.
Local: CCBB - Rua Álvares Penteado, 112 -
Centro - São Paulo – SP. Próximo às estações Sé e São Bento do Metrô.
Estacionamento conveniado: Estapar Estacionamentos – Rua da Consolação, 228
(Edifícos Zarvos). R$ 15,00 pelo período de 5 horas. Necessário carimbar o
ticket na bilheteria do CCBB. Informações: (11) 3256-8935. Van faz o transporte
gratuito até as proximidades do CCBB – embarque e desembarque na Rua da
Consolação, 228 (Edifício Zarvos) e na XV de novembro, esquina com a Rua da Quitanda,
a vinte metros da entrada do CCBB.
Acesso e facilidades para pessoas com
deficiência física// Ar-condicionado // Loja // Café Cafezal.
Informações: (11) 3113-3651/ 3113-3652. www.bb.com.br/cultura.
Contato para imprensa:
Adriana
Miranda – Cinnamon Comunicação
adrianamiranda@cinnamon.com.br
(11)
3062.2015
Wagner Vasconcelos – CCBB São Paulo
wvasconcelos@bb.com.br
(11) 3534-6558
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