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24/03/2014
Iberê Camargo: as horas [o tempo como motivo] abre na Fundação Iberê Camargo com obras do artista
Com
curadoria de Lorenzo Mammì, a mostra reúne 22 pinturas
e 26 desenhos produzidos na década de 1980, a exibição do filme
“Iberê Camargo: Pintura pintura” (1981), de Mario Carneiro, e a reprodução do
conto assinado pelo artista “O relógio”. A visitação acontece de 29 de março a
9 de novembro.
No ano do centenário
de um dos maiores nomes da história da arte brasileira, a Fundação Iberê
Camargo abre na próxima semana a mostra que reúne uma série de pinturas
produzidas pelo artista nos anos de 1980. Iberê Camargo: as horas [o tempo
como motivo], que tem curadoria do crítico de arte Lorenzo Mammì, traz 22
telas e 26 desenhos de Iberê Camargo, a
exibição do filme “Iberê Camargo: Pintura pintura” (1981), de Mario Carneiro, e
a reprodução do conto assinado pelo artista “O relógio”. A exposição será
aberta ao público a partir de 29 de março, às 11h, na sede da Fundação (rua
Padre Cacique, 2000) e apresenta o núcleo central dessa produção, que
influenciou pintores como Nuno Ramos, Ana Horta e Paulo Pasta.
A exposição, segundo
Mammì, se concentra no momento da “virada” mais importante na arte e na fortuna
crítica de Iberê Camargo. “Não apenas as características internas de sua obra
mudaram sensivelmente, como mudou também sua recepção pública. O artista já
gozava de muito prestígio. Sua carreira, no entanto, correra até então à margem
dos debates estéticos mais candentes. Nos anos de 1980, ao contrário, Iberê se
tornou uma figura central, tanto na atenção dos críticos como na apreciação dos
jovens artistas que protagonizaram a assim chamada ‘volta à pintura’ e que
reconheceram nele uma referência obrigatória”, diz o curador.
Iberê Camargo: as
horas [o tempo como motivo] organiza de forma sistêmica uma parte
significativa dessa influência, começando pela tela chamada sugestivamente de
“Pintura” (1979), que marca, na visão do curador, uma passagem crucial: o
aparecimento, ainda que preliminarmente de forma esquemática da figura humana, tema a que Iberê dedicara
apenas algumas telas do início de sua carreira, nos anos de 1940. Mammì destaca
que essa presença iria marcar sensivelmente toda a produção de Iberê até sua
morte, em 1994. “A presença de fragmentos de figura humana altera
fundamentalmente a relação matéria/gesto que caracterizara a pintura de Iberê
das décadas anteriores. Antigamente, ela se dava inteiramente no ato de pintar.
Agora, encontra seu duplo na relação, dentro do quadro, entre personagens e
objetos. A autenticidade do gesto permanece a mesma, e a espessura da matéria,
constantemente escavada e recoberta, está aí para testemunhá-la: não se trata
de uma mise-en-scène. Mais se assemelha àqueles estados alterados de
consciência em que o indivíduo vê a si mesmo à distância, como se se tratasse
de um estranho”, explica Mammì.
Outros exemplos dessa
relação entre personagens e objetos são destacados na mostra, principalmente na
série Hora (1983/1984) – da qual sete das dez telas que compõem a sequência
fazem parte da exposição. Também estarão expostas pinturas e desenhos basilares
da trajetória de Iberê, como Carretéis
com Figura (1984), O Relógio (1988)
e Fantasmagoria (1983).
Homenagens e
comemoração do centenário
Em maio, o Centro
Cultural Banco do Brasil (CCBB) inaugura uma exposição em homenagem ao
centenário de Iberê Camargo produzida em conjunto com a Fundação Iberê Camargo.
A mostra ocupará todos os andares do espaço cultural, localizado em São Paulo.
No mesmo mês, uma
mostra itinerante com coordenação de Eduardo Haesbaert vai percorrer cidades
gaúchas com parte da produção de Iberê, iniciando por Bagé. As comemorações
também irão contemplar o lançamento de livro biográfico
e ainda a produção de um documentário com roteiro e de Marta Biavaschi, diretora de cinemaque já realizou trabalhos como o documentário Actio, o filme
de ficção Bola de Fogo e diversas séries para a TV.
O
grande momento que marca os 100 anos de nascimento do artista acontece em 18 de
novembro. A Fundação Iberê Camargo será sede de uma mostra organizada por seu
Comitê Curatorial, composto por Icleia Cattani, Jacques Lenhardt e Agnaldo
Farias. “A mostra comemorativa aos 100 anos de nascimento de Iberê Camargo será
organizada por problemáticas marcantes das suas obras em diferentes momentos. Pinturas,
desenhos e gravuras ocuparão integralmente o espaço da Fundação, inclusive as
áreas de circulação. As rampas de acesso, por exemplo, serão animadas por
imagens, sons e movimentos, associados às obras presentes em cada andar”,
descreve Icleia. Este inédito trabalho será produzido pelo premiado cineasta e
documentarista Joel Pizzini, que já realizou filmes como Dormente, 500
Almas e Glauber Rocha, e conquistou importantes reconhecimentos como
o Prêmio Internacional de Cinema da Bahia e o Prêmio de Melhor Filme do
Festival de Cinema de Brasília. “Trabalhos nunca expostos ampliarão o
conhecimento sobre o pintor. Longe de uma mostra comemorativa tradicional e
ordenada cronologicamente, esta exposição colocará em diálogo as obras de Iberê
com os de artistas brasileiros contemporâneos, ensejando novos enfoques e
questionamentos sobre o seu legado artístico e sua importância atual”, explica
Icleia.
Mais
sobre o artista
Iberê Camargo é um
dos maiores pintores de sua geração. “Desenvolvendo sua obra dos anos 1940 a
1994, quando faleceu, ele marcou a modernidade da segunda metade do século XX
no Brasil. Seus trabalhos, absolutamente pessoais, desenvolveram uma figuração
muito próxima das formas abstratas. Destacam-se os temas dos Carretéis, dos
Núcleos, das Expansões, dos Dados. Suas pinturas, desenhos e gravuras o
distinguiram no panorama nacional como um artista múltiplo e de excelência em
tudo o que fazia. Na pintura destaca-se a qualidade matérica, criando massas de
tinta, com um domínio absoluto da cor e da forma. Ao retornar, nos anos 1980, a
uma figuração mais reconhecível em telas monumentais, Iberê despertou a atenção
dos novos pintores que despontavam no Brasil, agrupados sob a denominação de
Geração 80. Sua obra passou a um novo momento de valorização, que se
concretizou anos mais tarde com a criação da Fundação Iberê Camargo, em Porto
Alegre. Esta se ocupa prioritariamente, da guarda, conservação e exposição do
seu acervo, além de realizar paralelamente outras atividades artísticas e de
formação”, destaca Icleia Cattani.
O artista também se
dedicou à literatura. Em 1988, publicou contos novos e antigos no volume “No
Andar do Tempo”. Após a sua morte, ainda haveria a publicação de prosas
autobiográficas reunidas em “Gaveta dos Guardados” (1998). Icleia recorda ainda da importante influência que
o artista teve na formação de novos artistas. “Iberê também desenvolveu, é
importante lembrar, um grande papel como formador de jovens artistas. A estes,
não impunha seu estilo nem sua forma de pensar a arte. Discutia, argumentava,
mostrava, mas, ao mesmo tempo, encorajava-os sempre a seguir seu próprio
caminho. Por isso não existem hoje “discípulos” de Iberê, mas artistas de
primeira grandeza que passaram por seu ensino, fugaz ou longamente. Entre
estes, estão Carlos Vergara, Carlos Zílio, Regina Silveira e vários outros.
Muitos afirmam que o mais importante para eles, do Iberê professor, foi sua
atitude radical como artista face ao mundo”, finaliza a curadora.
O QUE | ExposiçãoIberê Camargo: as horas [o tempo como
motivo]
ABERTURA | 29 de março, das 11h
às 13h
VISITAÇÃO | 29 de março a 9 de
novembro de 2014
ONDE | Fundação Iberê
Camargo, Av. Padre Cacique, 2000, Porto
Alegre – RS
ENTRADA FRANCA | As empresas Gerdau,
IBM, Itaú, Vonpar e Banco Votorantim garantem a gratuidade do ingresso.
Ø
ENSAIO SOBRE A DÁDIVAArtista
| Nuno RamosCuradoria
| Alberto Tassinari
29 de maio | Abertura
30 de maio a 10 de agosto | Visitação
Ø
LIBERDADE EM MOVIMENTOCuradoria
Jacopo Visconti
29 de maio | Abertura
30 de maio a 10 de agosto | Visitação
Ø
TRAÇAR O ESPAÇO, MARCAR O
TEMPOCuradoria
| Gianfranco Maraniello
21 de agosto | Abertura
22 de agosto a 02 de novembro | Visitação
Ø
CENTENÁRIO DE IBERÊ
CAMARGO (AINDA SEM TÍTULO DEFINITIVO)
Ø Curadoria | Comitê
Curatorial | Icleia Cattani, Jacques Lenhardt e Agnaldo
Farias
18 de novembro | Abertura
19 de novembro a 22 de março de 2015 |
Visitação
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