Neiva Melo comunicação empresarial

“Repórter de verdade atravessa a rua de si mesmo para olhar a realidade do outro lado da sua visão do mundo"

Eliane Brum

“Os jornalistas deixam a gente mais inteligente”

Jorge Gerdau Johannpeter

“Não existe mobilização sem os jornais”

Mahatma Gandhi

“Aqui na agência, somos obssessivos por notícias de qualidade e resultados estratégicos”

Neiva Mello


Press releases

19/08/2015

Homenagens ao centenário de Iberê Camargo encerram no MAM Rio

Retrospectiva Iberê Camargo: um trágico nos trópicos apresenta, no MAM Rio, 134 obras selecionadas pelo curador Luiz Camillo Osorio, que contemplam  a produção do artista  a partir da década de 1950 até seus últimos trabalhos, nos anos 1990. A exposição marca o final das comemorações do centenário de nascimento de Iberê na cidade onde ele viveu 40 anos e onde consolidou a sua formação e carreira artística. Pinturas, desenhos, gravuras e matrizes serão exibidas de 5 de setembro a 1º de novembro.

A exposição Iberê Camargo: um trágico nos trópicos, que em maio de 2014 abriu as homenagens ao centenário do artista no CCBB/SP e no final do ano foi reconhecida como  a melhor exposição retrospectiva pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), em sua 59ª edição, será o marco de encerramento do ano comemorativo ao nascimento do artista. As 134 obras, entre pinturas (49), desenhos (40), gravuras (32) e matrizes (10), que serão exibidas no MAM Rio, de 5 de setembro a 1º de novembro, incluem trabalhos especialmente selecionados pelo curador, professor e crítico de arte Luiz Camillo Osorio para a mostra na capital carioca, cidade na qual Iberê viveu 40 anos, de 1942 a 1982, e onde consolidou a sua formação e se consagrou como um dos maios importantes artistas modernos do Brasil.  

Na versão que será exibida no MAM Rio, o público poderá apreciar desde obras da fase Natureza Morta, iniciada na década de 1950, período em que Iberê retornou da Europa para o Rio de Janeiro depois de estudar com mestres como Carlos Alberto Petrucci, De Chirico e André Lhote, até as grandes e trágicas telas de sua última fase, nos anos 1990, que incluem as séries das Ciclistas,  As Idiotas e Tudo Te é Falso e Inútil.  “O núcleo da exposição é o processo de amadurecimento da trajetória de Iberê, dos Carretéis até as telas dos anos 1980, quando a figura humana começa a reaparecer. E como não poderia deixar de ser, haverá uma pequena mostra complementar do Iberê gráfico, apresentada como uma exposição de câmara, intimista, em que muitos dos seus temas e obsessões são trabalhados no corte preciso da linha e das várias experimentações realizadas como gravador”, diz  Camillo Osorio.

“É justamente o mergulho nas visões cruas e dolorosas da vida que me parece evidenciar a dimensão trágica da pintura de Iberê, sua densidade existencial, sua recusa, tão anti-brasileira, a crer que, ao fim, a harmonia afirmará. Ao longo de sua trajetória, começando com as paisagens, passando pelos carretéis, pelo flerte com a abstração - uma abstração feita de acúmulos e não de redução -  e chegando às últimas telas com uma figuração assombrosa, o que vemos é uma paleta pouco solar, uma atmosfera de densidade angustiada, um corpo matérico onde sensualidade e sofrimento se irmanam incansavelmente”, escreve o curador em seu texto publicado no catálogo da mostra, que também reproduz artigos escritos por Ferreira Gullar, Marcus Lontra, Walmir AyalaeQuirino Campofiorito, todos relacionados às  exposições realizadas por Iberê no MAM carioca (confira na íntegra mais abaixo).  

“A obra de Iberê é tão atual, jovem e vibrante, que poderíamos batizar as celebrações como o Centenário do Garoto, no caso do Rio, ou o Centenário do Guri, quando a homenagem aconteceu na sua terra natal, no Rio Grande do Sul”.  Luiz Camillo Osorio também assina a organização e apresentação do livro CEM ANOS DE IBERÊ,  editado em 2014 pela Cosac Naify em parceria com a Fundação Iberê Camargo.  A obra, de 448 páginas, exibe 272 imagens e 13 textos curatoriais de exposições do artista realizadas pela Fundação Iberê Camargo.

Segundo Fábio Coutinho, superintendente cultural da  Fundação com sede em Porto Alegre, Iberê Camargo: um trágico nos trópicos é uma das maiores retrospectivas já realizadas com a obra do artista. “Encerrar esta série de homenagens na cidade que acolheu Iberê e no MAM Rio, instituição que realizou a sua primeira exposição retrospectiva, em 1962, é uma dupla homenagem que nos deixa muito felizes”, afirma.  

SERVIÇO 

O QUE | Exposição Iberê Camargo: Um Trágico nos Trópicos

ONDE | Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio)

  Av. Infante Dom Henrique, 85

  Parque do Flamengo – Rio de Janeiro – RJ 20021-140

 Telefone: 21. 3883.5600

QUANDO | De terça a sexta, das 12h às 18h.

   Sábado, domingo e feriado, das 11h às 18h.

INGRESSO I R$14,00

  Estudantes maiores de 12 anos: R$7,00

  Maiores de 60 anos: R$7,00

  Amigos do MAM e crianças até 12 anos: entrada gratuita

   Quartas-feiras a partir das 15h: entrada gratuita

 Domingos ingresso família, para até 5 pessoas: R$14,00

www.mamrio.org.br

www.iberecamargo.org.br

PENSAMENTOS DE IBERÊ

Ø  “Pinto porque a vida dói”  

Ø  “Minha pintura em nenhum momento abandonou a estruturação da fase dos carretéis (...) Minha volta à figura (em verdade nunca a abandonei) se deve ao esgotamento do tema e à necessidade de tocar a realidade que é a única segurança do nosso estar no mundo – o existir” 

Ø  “Tenho sempre presente que a renovação é uma condição de vida. Nunca me satisfaz o que faço. Ainda sou um homem a caminho” 

Ø “O drama, trago-o na alma. A minha pintura, sombria, dramática, suja, corresponde à verdade mais profunda que habita no íntimo de uma burguesia que cobre a miséria do dia-a-dia com o colorido das orgias e da alienação do povo. Não faço mortalha colorida”

Ø  “Arte, para mim, foi sempre uma obsessão. Nunca toquei a vida com a ponta dos dedos. Tudo o que fiz, fiz sempre com paixão. No fundo, um quadro para mim é um gesto, um último gesto”

Ø  “As figuras que povoam minhas telas envolvem-se na tristeza dos crepúsculos dos dias de minha infância. Nascem da minha saga, da vida que dói. Sou impiedoso e crítico com minha obra. Não há espaço para alegria. Toda a grande obra tem raízes no sofrimento. A minha nasce da dor”  

Ø  “Os carretéis são reminiscências da infância. São combates dos pica-paus e dos maragatos que primo Nande e eu travávamos no pátio. Eles estão impregnados de lembranças. Pelas estruturas de carretéis cheguei ao que se chama, no dicionário da pintura, arte abstrata” 

Ø  “Sou um andante. Carrego comigo o fardo do meu passado. Minha bagagem são os meus sonhos. Como meus ciclistas, cruzo desertos e busco horizontes que recuam e se apagam nas brumas da incerteza” 

Ø “Há alguém dentro de mim, há alguém chegando com passos abafados: é a minha mãe, que vem me fechar os olhos para eu dormir”

Ø “Não, meu coração não é maior que o mundo. É muito menor. Nele não cabem nem as minhas dores. Por isso gosto tanto de me contar. Por isso me dispo, por isso me grito, por isso frequento os jornais, me exponho cruamente nas livrarias: preciso de todos”

CRONOLOGIA RESUMIDA

* Temos à disposição a cronologia completa.  

1914 Nasce Iberê Bassani de Camargo, em 18 de novembro, em Restinga Seca (RS).

1939 Em Porto Alegre, trabalha como desenhista técnico (Secretaria Estadual de Obras Públicas do Rio Grande do Sul). Frequenta o Curso Técnico

 de Desenho de Arquitetura (Instituto de Belas-Artes). Casa-se com Maria Coussirat.

1942Recebe bolsa do Governo do seu Estado para estudar no Rio de Janeiro, para onde se transfere com a esposa. Ingressa na Escola de Belas- 

  Artes, mas a abandona, por discordar de sua orientação acadêmica. Inicia um curso livre, ministrado por Alberto da Veiga Guignard. Integra o

 Grupo Guignard. Realiza a primeira exposição individual em Porto Alegre.

1944 É extinto o Grupo Guignard. Recebe medalha de bronze em pintura no 49º Salão Nacional de Belas-Artes. No ano seguinte, recebe medalha de

 prata na mesma categoria. Passa a integrar diversas exposições coletivas no Brasil e no exterior.

1946 Realiza a exposição individual “Iberê Camargo”, no Ministério da Educação e Saúde, Rio de Janeiro.

1947 Participa do 52º Salão Nacional de Belas-Artes e recebe o prêmio Viagem ao Estrangeiro (pintura).

1948 Viaja à Europa com a esposa. Em Roma, estuda gravura com Carlos Alberto Petrucci, pintura com De Chirico, materiais com Leoni Augusto

 Rosa e afresco com Achille. Em Paris, estuda pintura com André Lhote.

1950 Retorna ao Brasil e, no ano seguinte, começa a ministrar aulas de desenho e pintura no seu ateliê.

1951 Participa da I Bienal Internacional de São Paulo e do 56º Salão Nacional de Belas Artes – Divisão Moderna, no Museu Nacional de Belas Artes,

 Rio de Janeiro.

1952 Faz 29 gravuras para ilustração do livro O rebelde, de Inglês de Sousa. Apresenta essas gravuras em exposição na Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro.

1953 Participa do II Salão Nacional de Arte Moderna, no Palácio da Cultura/Ministério da Educação e Saúde, Rio de Janeiro.

1956 Toma parte da III Bienal Hispano-Americana, em Barcelona, e o V Salão Nacional de Arte Moderna, no Rio de Janeiro.

1958 Integra diversas exposições coletivas, no Rio de Janeiro, em Belo Horizonte e em Quito, no Equador.

1959 Participa do VIII Salão Nacional de Arte Moderna, no Ministério da Educação e Cultura, Rio de Janeiro, e da V Bienal Internacional de São Paulo.

1960 Recebe o prêmio de Gravura na II Bienal Interamericana de Pintura y Grabado no México.

1961 Na VI Bienal Internacional de São Paulo, ganha o prêmio de Melhor Pintor Nacional.

1962 A primeira retrospectiva, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio), apresenta sua produção desde 1940, incluindo obras

 emprestadas por diversos colecionadores particulares. Participa da 31ª Bienal de Veneza, Itália.

1963 Apresenta-se em Sala Especial na VII Bienal Internacional de São Paulo.

1964 Integra duas exposições coletivas no MAM Rio: “Coleção Jorge de Carvalho Britto Davis e senhora”, juntamente com artistas como Pierre Soulages, Rômulo Macció e Pierre Alechinsky, na qual expõe o óleo Núcleo 2 (1963); e “Coleção de Ernesto Wolf”, onde exibe o óleo Mesa com sete carretéis (1958), sendo um dos 21 pintores selecionados para a mostra.

1966 Executa um painel de 49 m² oferecido pelo Brasil à Organização Mundial de Saúde, em Genebra.

1967 É escolhido por um júri formado por críticos de arte, colecionadores e pessoas ligadas ao meio artístico, em eleição promovida pelo Jornal do Brasil, para representar a pintura, junto com Carlos Scliar e João Garboggini Quaglia, no V Resumo de Arte do Jornal do Brasil, no MAM/RJ.

1968 Integra o júri do Salão Nacional de Arte Moderna, Rio de Janeiro, e participa da 6th International Biennial Exhibition of Prints, em Tóquio. O MAM Rio realiza em seu auditório (lotado) um debate sobre os critérios de julgamento da obra de arte contemporânea, tendo como moderador Antônio Houaiss, e com a participação, ao lado de Iberê, de Teixeira Leite, Walmir Ayala, Aracy Amaral, Ferreira Gullar, Wladimir Murtinho, Gustavo Dahl, Hélio Pellegrino, José Carvalho, Luiz Costa Lima, Rogério Duarte, Hélio Oiticica e Sérgio Ferro. A fala de Iberê é reproduzida no Jornal do Brasil.

1971Participa do 9º Resumo de Arte do Jornal do Brasil, no MAM Rio, selecionado por um júri formado, em sua maioria, por críticos de arte e colunistas dos maiores jornais do país. Recebe Sala Especial na 11ª Bienal Internacional de São Paulo.

1972 Reinaugura o ateliê na rua das Palmeiras, no Rio de Janeiro, com uma exposição de pinturas e desenhos.

1975 Integra uma comissão para conscientizar as autoridades sobre a precariedade dos materiais de arte produzidos no Brasil e por melhores condições para sua importação. Participa da 13ª Bienal Internacional de São Paulo e de diversas exposições no exterior.

1979 Toma parte da 15ª Bienal Internacional de São Paulo.

1980 O artista retorna à figuração em suas obras.

1982 Volta para Porto Alegre, onde passa a residir com sua esposa.

1983 Participa, na Fundação Nacional de Arte (Funarte), da mostra “Arte moderna no Salão Nacional 1940-1982”, uma sala especial do 6º Salão Nacional de Artes Plásticas, dedicada a discutir a inserção da arte moderna no Salão Nacional, com curadoria de Anna Letycia e Haroldo Barroso.Faz outdoor para a Rede Brasil Sul, exposto nas ruas de Porto Alegre.

1984Executa, para a Funarte, dois painéis que, em 1986, são doados pelo artista ao MAM Rio. Participa no MAM/RJ, do 7º Salão Nacional de Artes Plásticas, com curadoria de Paulo Roberto Leal, no qual é homenageado, ao lado de Manabu Mabe, Franz Weissmann e Maria Leontina.

1985 Participa da 18ª Bienal Internacional de São Paulo. 

1986Por ocasião da retrospectiva “Trajetória e encontros”, ocorrida no Museu de Arte do Rio Grande do Sul e com itinerância no Museu de Arte de São Paulo, MAM Rio e Galeria do Teatro Nacional de Brasília, Iberê doa ao MAM carioca seis serigrafias produzidas no mesmo ano. Recebe título de doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Santa Maria.

1987 Participa,no MAM Rio, da mostra “Ao colecionador”, com curadoria de Paulo Roberto Leal, Paulo Herkenhoff e Viviane Matesco, realizada em homenagem ao colecionador Gilberto Chateaubriand e que reuniu os artistas vivos que compõem sua coleção, porém apresentando obras que não fazem parte de seu acervo.

1988 Inaugura seu novo ateliê no bairro Nonoai, em Porto Alegre. Lança o livro No andar do tempo, 9 contos e um esboço autobiográfico.

1989Integra “Rio hoje”, coletiva que levou ao MAM Rio, com curadoria de Paulo Herkenhoff, Viviane Matesco, Ligia Canongia e Reynaldo Roels Jr., a coletânea da produção de 48 artistas contemporâneos com atuação na cena carioca. Participa da 20ª Bienal Internacional de São Paulo.

1990 Iberê Camargo volta à atividade de gravura e Eduardo Haesbaert o auxilia como impressor. Realiza exposição retrospectiva de gravuras, no Museu Nacional de Belas-Artes, Rio de Janeiro e no Museu de Arte Moderna de São Paulo.

1991 Recusa-se a participar da III Bienal Internacional de Pintura de Cuenca (Equador), em protesto pela cobrança de impostos sobre a circulação de obras de arte.

1992 Recebe o título de Filho Ilustre da Prefeitura Municipal de Restinga Seca (RS).

1994 Participa da 22ª Bienal Internacional de São Paulo. Recebe uma exposição antológica no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro com curadoria de Ronaldo Brito.

Falece em 9 de agosto, com 79 anos.

ARTIGOS PUBLICADOS NO CATÁLOGO DE EXPOSIÇÕES NO MAM RIO

Iberê: do mundo à pintura

Ferreira Gullar

Fonte: Jornal do Brasil. Rio de Janeiro, 1º de novembro de 1962.

O Museu de Arte Moderna do Rio está apresentando, em seus últimos dias, a exposição retrospectiva do pintor Iberê Camargo, que obteve, na última Bienal de São Paulo, o prêmio de melhor pintor nacional. Não se trata, portanto, de um artista de mérito discutível, e tal observação estará implícita no comentário que aqui fizemos da atual exposição. A mostra cobre um espaço de vinte anos de atividades do artista, como pintor principalmente, mas também como gravador. Caminha-se das paisagens e naturezas-mortas, de 1941, aos quadros abstratos da última fase, de matéria espessa e tratamento largo. Iberê percorre, a seu modo, mas como todos os demais pintores de sua geração, o caminho que conduz da figura à abstração, da referência ao mundo exterior à interiorização da expressão até os sinais que já não aludem senão ao processo psicológico do artista e, simultaneamente, à busca pictórica. Inevitavelmente, os quadros antigos indicam uma vacilação em torno deste ou daquele caminho, tendendo a uma linguagem de tons surdos e pinceladas dramáticas que nos fazem pensar, também, no expressionismo de um Kokoschka; mas pelo tratamento, não pela cor, nem pela temática. Súbito, cai o pintor na simplificação dos meios, na matéria rala sobre a tela, cores cruas, linhas de contorno acentuadas. Chega-se, então, à fase das paisagens objetivas, à la Utrillo, ruas de subúrbios, casas velhas, muros gretados. O pintor tenta alcançar o poético sem se desprender da realidade. Essa fase dura até a conhecida paisagem da Lapa, que lhe valeu o Prêmio de Viagem ao Estrangeiro.

A volta da Europa indica o começo de uma nova fase, em que os elementos subjetivos começam a preponderar sobre os objetivos. Nas paisagens anteriores, podia-se determinar o ponto do qual o pintor observava a paisagem, onde ele se situara com o seu cavalete para pintar. Tal possibilidade decorria das relações objetivas entre o artista e o mundo exterior, que agora, nessa nova etapa, desapareceram. As paisagens pintadas não são nenhum lugar determinado, muito embora se identifiquem ali casas, postes, ruas, árvores. A perspectiva é contraditória, a distribuição da luminosidade é arbitrária, as cores fogem a qualquer identificação com a realidade cotidiana: são paisagens de sonho, de chão azul, céus lilases, plantas de um verde mágico, expressivo e onírico. Estamos a um passo da pintura abstrata.

Naturalmente, a tendência subjetivista traz o pintor para dentro de casa, para os temas de atelier: vista de interiores, naturezas-mortas. O pintor, na sua luta por eliminar o mundo, muda de front, e ataca os objetos de uso: as garrafas são alongadas e se repetem de modo obsessivo. As cores mantêm o mesmo nível de ignição, que espanta a cotidianeidade. Dessa contradição se alimenta toda a pintura figurativa moderna: a busca do poético no cotidiano, a destruição do cotidiano para ultrapassá-lo, a sua eliminação e, enfim, as formas abstratas.

Iberê chega a elas. Uma mesa, que já não é mesa, com um grupo de carretéis. De quadro para quadro, os carretéis assumem o primeiro plano da tela, a mesa some. Os carretéis perdem a materialidade, viram silhuetas sobre um fundo densamente trabalhado, que ameaça absorvê-los. Os últimos quadros de Iberê mostram, sobre esse mesmo fundo que cresce e se enriquece de matéria, formas retangulares, indeterminadas, dinamicamente compostas. A figura do mundo foi eliminada: o que resta é a pintura.

..........................................................................................

Iberê Camargo

No MAM, nosso pintor maior

Marcus Lontra

Fonte: Tribuna da Imprensa. Rio de janeiro, 25 de fevereiro de 1986.

 À primeira vista, nada parece ter mudado. A sensação de abandono e vazio permanece, mesmo com a presença de alguns banhistas que circulam entre as colunas do Museu de Arte Moderna, protegendo-se da forte chuva que regularmente aparece, todas as tardes, na cidade. É final de verão, as águas de março este ano antecipam a sua chegada. Os banhistas se vão. Quantos, entre eles, sabem ter-se protegido da chuva sob as estruturas do mais importante centro de arte do Rio de Janeiro? Quantos, entre eles, já visitaram as dependências do MAM ou percorreram as suas exposições? Poucos, talvez nenhum. Certa vez André Malraux, então ministro francês, declarou, referindo-se a Brasília: “Que belas ruínas darão as colunas do Alvorada!” Construído no início dos anos 50, em plena euforia desenvolvimentista de um país “condenado ao moderno”, o MAM ironicamente relembra com nostalgia o seu passado, seus momentos de glória, o incêndio e o abandono, que caracterizam a sua história. É a nossa “tradição do novo”.

Ao atingir-se, porém, o terceiro andar, setor da administração, o pessimismo começa a ser dissipado. O ritmo de trabalho é intenso: a vida está presente no interior da cédula. Paulo Herkenhoff coordena as atividades culturais do Museu desde o final do ano passado. E, nesse pouco tempo de estada, ele já pôde perceber que o fundamental é determinar a filosofia geral da instituição e diagnosticar os males que a afligem. E são inúmeras a doenças. “Quando assumi” – diz Herkenhoff – “o acervo espalhava-se por sete salas, sendo que em três detectamos cupins nas obras, além da presença de um barril de óleo diesel no subsolo. Isso mereceu um tratamento imediato, já que colocava em risco a segurança do Museu. Outras medidas, como o reforço das colunas de sustentação do prédio e a reformulação técnica e administrativa serão tomadas a partir de março, o que nos forçará a interromper as atividades durante seis meses, para que tais obras possam ser realizadas”.  

A verdade é que há muita coisa para ser feita. A museologia desenvolveu-se muito nesses últimos 30 anos e o MAM não acompanhou o processo. O corpo técnico é inadequado, técnicas de conservação são menosprezadas, questões relacionadas com a segurança, com o excesso de luz, com a umidade e a temperatura não foram jamais levadas em consideração. Não faz sentido considerar o episódio do incêndio como uma tragédia inexorável, fruto do acaso, e tampouco buscar responsabilidades pessoais, de caráter egoísta. É preciso tirar-se lições do episódio para que ele não mais ocorra. As falhas e negligências que acompanham a história do Museu têm a sua origem no amadorismo, no desconhecimento técnico e na ausência de pessoal especializado. É da maior importância que o MAM se profissionalize, que defina as suas atividades de centro produtor atuante, promotor de eventos de real significado cultural na vida da cidade, além de equipar-se seriamente para a guarda e conservação do acervo, valorizado agora pelas obras da maior coleção de arte brasileira, a Coleção Gilberto Chateaubriand.  

“Estejam certos de que o ritmo de trabalho nesses seis meses será intenso” – afirma, ainda, Herkenhoff. “A responsabilidade da Coleção Chateaubriand é um dever de todos nós. Essa conquista, tantas vezes ameaçada, é uma extraordinária vitória do povo carioca e nós saberemos valorizá-la corretamente. É importante salientar o apoio que temos recebido da Presidência da República, que nos liberou 2 bilhões de cruzeiros, da Funarj, através de seu presidente, Darcy Ribeiro, que já nos liberou 2,2 bilhões e liberará mais 4,5 bilhões de cruzeiros, da Prefeitura do Rio de Janeiro, que liberará 3 bilhões de cruzeiros, além do apoio de diversas empresas privadas que se dispuseram a colaborar mensal ou anualmente com verbas que auxiliem a manutenção do espaço.”

Se é grande a disposição no setor administrativo, no salão nobre de exposição é intenso o movimento. Antes da interrupção justificada por Herkenhoff, o MAM inaugura hoje, às 18h, a mostra Iberê Camargo – Trajetória e Encontros, que apresentará 70 obras do mestre gaúcho, um dos mais importantes artistas brasileiros contemporâneos. A exposição, organizada pelo Museu de Arte do Rio Grande do Sul, sob a curadoria de Evelyn Berg e Icleia Cattani e patrocinada pela Companhia Iochpe de Participações mostrará, além das pinturas, gravuras e desenhos de Iberê, obras de alunos, professores e amigos do artista, entre os quais Utrillo, De Chirico, Lhote, Guignard, Goeldi, Amilcar de Castro, Eduardo Sued, Anna Letycia, Carlos Vergara, Carlos Zilio, entre outros. Algumas obras de Iberê serão apresentadas somente aqui no Rio, como o autorretrato pertencente à Coleção Gilberto Chateaubriand e dois painéis, Grito do Ipiranga, já e o Olho da consciência, produzidos pelo artista, em 1983.  

Um país onde muitas vezes o mercado de arte apropria-se de valores medíocres, o justo interesse pela obra de Iberê Camargo é um dos raros casos, entre nós, de reconhecimento capitalista à inteligência da arte. A trajetória profissional de Iberê é a “aventura da matéria”, o seu percurso comandado pela ousadia e pelo desespero. Lutador incansável, Iberê explode juventude na sua revolta, no seu não conformismo, na sua angústia de homem contemporâneo, solitário nos questionamentos do sentido do ser e na razão do ofício, diante de suas telas, tintas e pincéis. Iberê brada a excentricidade como máscara e pulsão, como arma de combate e defesa da liberdade. A Arte aqui, como a vida, constrói-se pelo acúmulo, justifica-se pelo processo, pelas camadas e camadas de matéria, pelos dias e noites, sorrisos e tragédias. Considerado o mestre maior da nova pintura brasileira, Iberê é o nosso herói moderno e romântico em sua busca da eternidade, registro do tempo. Iberê, Maria, o gato Martin, figura do cotidiano e do afeto, imagens que percorrem os caminhos da visão, matéria que se cria e se afirma pela tortura da temporalidade, tinta sobre tinta, cor, pele e osso, história que se trava, incessantemente, sem começo ou fim, na certeza de que “o artista é o homem que toca o infinito”. A obra de Iberê Camargo dilacera o olhar para dar claridade ao pensamento.  

Na inauguração da mostra será lançado, também, o livro Iberê Camargo, volume nº 1 da Coleção Contemporânea. Editado pelo Margs-Funarte e com o apoio da Iochpe, o livro traz depoimentos de Icleia Cattani, Paulo Herkenhoff, Pierre Courthion, Evelyn Berg e Wilson Coutinho, além de ilustrações coloridas e em preto e branco, fotografadas por Rômulo Fialdini e Pedro Oswaldo Cruz. O livro, cujo planejamento gráfico foi criado por Amilcar de Castro é peça fundamental para todos os que se interessam pela produção artística brasileira de nosso século.  

..........................................................

Walmir Ayala, 1971

Fonte: O resumo da arte do Jornal do Brasil. Rio de Janeiro: MAM, 1971. Catálogo da exposição.

A última exposição de Iberê Camargo confirma-o como o mais poderoso representante do abstracionismo dentro da pintura brasileira. Um abstracionismo eivado de signos, sobretudo marcado por um gesto denso, por um instinto de criação que releva a matéria da pintura, em quase montagens de textura, com um ímpeto  perfeitamente estruturado em equilíbrio. O que é um quadro senão o pretexto para uma demonstração de ordem? Mesmo que seja o caos, ou a paixão, a fonte deste pretexto, um quadro, uma obra de arte, e mesmo uma antiobra de arte, deve sempre comunicar o impacto de uma equação resolvida, e possibilitar ao espectador a participação no conhecimento deste resultado. A equação pode ser a própria desintegração, o submaterial, como no caso da arte povera e adjacências; pode ser uma filtragem, uma síntese elementar, uma simplificação racional, como no caso do construtivismo, minimal abstracionismo geométrico etc.; pode ser uma interpretação do visível, da memória, da paisagem possível até a inversão do onírico; pode finalmente ser o depoimento de um estado subjetivo, imediato, gestual e bárbaro (dando-se a esta palavra o sentido de livre e tempestuoso).

Iberê enquadra-se nesta última possibilidade e, quem o vê pintar, sabe que entre a impressão do gesto e o impulso, vai o átimo impegável de um tempo que não permite maiores reflexões. A reflexão está implícita no “metier” que, no caso deste grande artista, é feito de renúncias, meditações, revoltas, contenção, conhecimento das razões mais profundas de seu destino e da condição do artista num mundo de catástrofes. Seria ocioso e superficial evidenciar aqui a riqueza da expressão contida nesta mostra nova, de Iberê Camargo: seu empastamento minunciosamente projetado na superfície da tela; o domínio do espaço granjeando a cada tela, mesmo as menores, a sensação de painel ininterrupto; a evolução das formas dos carretéis, como grandes massas chapadas de uma cor criada sobre um fundo convulso onde se processam as grandes gêneses do espírito; a liberdade de endossar novos registros de cor, sob as mesmas atmosferas patéticas em cuja abstração cabe toda a experiência artesanal, toda a sabedoria humana. Tudo isto seria pouco se não somássemos ao artista, à sua solidão, a participação do homem, do professor, do membro de júris, do depoente, do alvo que repercute sempre o acesso, e não perde a impostura e a fraude. Iberê Camargo, mais do que qualquer outro artista brasileiro contemporâneo, é uma palavra que faz falta em cada impasse, que discerne melhor na confusão. No entanto é um aparentemente calmo este gaúcho interiorano, de relações exteriores lentas e sorriso ausente, que se encontra indiscutivelmente na primeira fila. No então não troca a dignidade pela primeira fila. Saúdo nesta página de apresentação o artista e o homem, esta fusão perfeita de integridade e lucidez. A grande pintura de Iberê Camargo, uma das poucas expressões que podemos ostentar, de nível certamente internacional, é a primícia desta temporada em que o nihilismo tem posto, com tanta frequência, as garras à mostra. No seu depoimento, recentemente publicado no livro “A criação plástica em questão”, Iberê se denominava uma trincheira que resiste. É desta decisão, desta verdade, desta consciência sem sombra, que carecemos nesta hora de transe.

Diante da obra apaixonada, do empastamento sensual e dramático de Iberê Camargo, mais do que num depoimento gestual de cega motivação, somos levados a considerar as urnas da memória. Memória como repositório de um alfabeto emocional (não estão lá os carretéis da infância?). Memória antes da linguagem: antes da palavra havia o ser. O artista procurando dar nome outra vez às coisas existentes. Na onda irrepetível daquela massa de matéria emocionada vemos transcorrer o grande mistério da forma. As formas não são fixas, estão se movendo na Forma. Cada forma tem uma infinidade de possibilidades. O figurativo, ou abstrato, são dentro disso mera solução para determinados alvos da memória subconsciente.

A subjetividade avassaladora de Iberê Camargo não comporta reflexão contemplativa, para medir o tempo estrutural que vai do modelo à imagem acabada. Não e possível esta reflexão dissecadora porque o objeto, nele, está fundido à emoção a partir do manuseio da matéria plástica. Esse manuseio vem subordinado à rédea do espírito.

Assim o que importa diante dessa obra madura, desde já, em sua inquietante proposta de vitalidade, não é a coisa original, a paisagem imitativa que convence a tantos na subserviência da pintura acadêmica. Com Iberê a paisagem é construída e se conjuga à nossa paisagem interior, na qual somos árvore e o mar pungente, a marca de um passo e a vertigem de um sonho. A proposta estimulante de Iberê Camargo nos conduz a uma abertura para a consciência dessa paisagem, que tudo é paisagem, e nela o homem mais que habita, se metamorfoseia. Homem dos pampas interioranos, Iberê Camargo manteve este lastro de uma convulsão plena de sussurros e estertores, de barros inflamados a um sopro de luz. E a partir do espírito, que sobra e informa à sua imagem e semelhança.

.....................................................................................

Iberê: Exposição no MAM

Quirino Campofiorito

Fonte: O Jornal. Rio de Janeiro, 4 outubro de 1962

Uma Exposição Retrospectiva da obra do professor Iberê Camargo será inaugurada hoje, às 18 horas, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. É justa a curiosidade com que está sendo esperada esta exposição. O pintor Iberê Camargo vem há muito notabilizando-se entre os artistas brasileiros da primeira linha. Seu nome tem sido constante nas seleções nacionais enviadas ao estrangeiro nos últimos anos. O júri internacional da VI Bienal conferiu-lhe o Grande Prêmio Nacional de Pintura. Como gravador tem não só realizado uma obra com admiráveis valores de uma personalidade que escapa aos grupos que seguem orientações mais ou menos uniformes, como deu ao ambiente dessa especialidade em nosso país uma contribuição toda especial acrescentando à gravura brasileira um núcleo de jovens que com ele estudaram e vão emprestando, como o mestre, uma contribuição original.  

Sua atuação de professor tem sido equivalente à de artista. Não sabemos dizer se a Retrospectiva que o MAM promove incluiu obras de gravura ou se limitar-se-á à pintura. Esta, realmente, pode oferecer uma grande oportunidade na retrospectiva, pois Iberê Camargo revelará, com suas telas de 20 anos de atividade artística, uma surpreende evolução. Desde que formava no grupo de moços ligados ao “atelier” do saudoso mestre Alberto Guignard, até suas atuais composições de acentuado interesse não figurativo, mesmo pensando nas suas paisagens de Santa Teresa, suas telas com as lições de De Chirico (logo que voltou da Europa) e as fantasias com os carretéis – que perfazem as fases intermediárias – Iberê Camargo sem dúvida desvendará com sua exposição um programa cheio de interesse e por vezes com surpresas pelo inesperado de certas passagens de sua obra.  

A tarde de hoje vai ter um interesse inestimável para o ambiente artístico, com a abertura da Exposição Retrospectiva ao nosso bravo pintor gaúcho. Na mostra, do MAM, estarão, por certo, desde uma bizarra telinha pintada ainda em Santa Maria e algumas pochades dos dias de estudante no Instituo de Belas Artes do Rio Grande do Sul,  até as composições na linha das que valeram ao artista o consagrador prêmio nacional da Bienal de São Paulo de 1961.

................................................................................. 

Iberê: Retrospectiva – I

Quirino Campofiorito

Fonte: O Jornal. Rio de Janeiro, 4 outubro de 1962  

Está por dias a exposição retrospectiva da obra de IBERÊ CAMARGO, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Poderá ser vista até domingo próximo, quando será encerrado. Já anuncia o MAM a retrospectiva da obra de Pancetti, com inauguração no dia 8, quinta-feira, às 18 horas. As exposições retrospectivas, parecem-nos não se justificarem com a obra de artista ainda na plenitude da carreira, como é exemplo Iberê Camargo. São oportunidades para pôr em realce um artista no fim de carreira, quando sua produção diminui de expressividade ou escasseia pela incapacidade para o trabalho mais intenso. Está certa a retrospectiva que se dedica a Pancetti, artista falecido, outra razão que justifica uma mostra com prerrogativa de revisão.  

Dizendo isto, queremos prestar ao artista gaúcho que ora expõe todas as etapas de seu caminho artístico no MAM, a nossa homenagem, a melhor homenagem que se lhe pode destinar – reconhece-lo na plenitude de sua carreira e, portanto, sem necessidade de fazer, por ora, demonstração de seu passado. Já que o seu presente se impõe sobremaneira e tudo é seguro esperar para adiante. Iberê é artista em plena atividade, em inteira posse de seus largos recursos como pintor e como gravador, de modo que uma retrospectiva de sua obra não alcança ainda a curiosidade das exposições que comportam a prerrogativa de alertar o público sobre uma personalidade que atingiu a descida ou termina a curva de sua trajetória.  

Nada disto cabe a Iberê Camargo, que nos parece em plena ascensão. E precisamente quando o artista demonstra aproximar-se de uma completa definição pela plástica abstracionista, a exibição de sua produção anterior, dá a impressão de uma justificativa, no que verdadeiramente não encontramos propósito oportuno. Mas este nosso pensamento sobre as razões de uma mostra retrospectiva não afeta o interesse com que revimos as antigas telas de Iberê. Mesmo porque, certas paisagens não foram superadas, nem mesmo igualadas pelas composições mais atuais. Sobre aquelas já podemos fazer um juízo mais sereno e claro, enquanto sobre as composições de agora, somos levados a esperar uma natural sedimentação dos desejos que lhes animam a inspiração.  

Os mais antigos trabalhos expostos, que são as telinhas de Porto Alegre (1941-1942), já confirmam o pintor autêntico, ambicioso da matéria pictórica, agarrado às tintas generosas como elemento expressional no contexto do quadro. De 1944 a 1958, residindo já no Rio, Iberê obtém maior seriedade para as cores. Composições de “naturezas em silêncio” são tratadas largamente, sem a pastosidade exorbitante. Contudo, o pintor continua a pronunciar-se com suas características e mesmo acentua cada vez mais esse pronunciamento, embora demonstre receber a influência primitivista de Utrillo. É quando se desliga do grupo do saudoso mestre Guignard e passa a caminhar isolado. As melhores telas desse período são datadas de 1955.  

Em seguida é o Prêmio de Viagem. Iberê demora-se mais em Roma e aproxima-se muito de Giorgio De Chirico (o famoso pintor encontrava-se em seu período “indigesto”). De 1952 a 1956, encontra-se na retrospectiva um numeroso grupo de quadros, que nós dizemos os de “cores de luar”, dada a frieza dominante na cromaticidade geral. Os tons violáceos dando marcas especiais no emprego de sombras projetadas em grande coincidência nos planos vazios. Tratamento das tintas com untuosidade do óleo sobre telas propositadamente preparadas com o mesmo “médium”, para evitar a fácil absorção das tintas. Alguma estilização à maneira de André Lhote parece perturbar as influências de De Chirico.  

Apesar destas influências, o nosso bravo Iberê faz afirmação de uma forte personalidade em quaisquer das telas deste roteiro. Raríssimos pintores no Brasil deram aos temas paisagísticos urbanos, uma significação pictórica tão autêntica e tão segura como a que se assiste nas telas agora expostas no MAM. Chegamos às últimas etapas da evolução de Iberê. Devem ser apreciadas com o devido vagar. Fá-lo-emos em próxima crônica, quando acentuaremos no fato de que Iberê jamais teve o desapreço da crítica, conforme algumas vozes insistem em afirmar.


Relacionado a Fundação Iberê Camargo:

25/06/2016

Ministro da Cultura, Marcelo Calero, visita Fundação Iberê Camargo

Ministro da Cultura, Marcelo Calero, visita Fundação Iberê Camargo

16/06/2016

Fundação Iberê Camargo apresenta 76 obras da Coleção da Fundação Edson Queiroz

Fundação recebe 76 obras de ícones da Arte Moderna Brasileira

Últimos releases

10/11/2019

Estudantes de cinco escolas públicas de Santa Bárbara d'Oeste exibem exposição fotográfica “Nas Trilhas da Cidadania” no Museu da Imigração

Estudantes de cinco escolas públicas de Santa Bárbara d'Oeste exibem exposição fotográfica “Nas Trilhas da Cidadania” no Museu da Imigração

ONG Parceiros Voluntários

28/10/2019

É nesta sexta-feira (25). #QualOMundoQueEuQuero? é o tema dos estudantes gaúchos reunidos no Fórum Tribal Metropolitano

É nesta sexta-feira (25). #QualOMundoQueEuQuero? é o tema dos estudantes gaúchos reunidos no Fórum Tribal Metropolitano

ONG Parceiros Voluntários

25/10/2019

PARCEIROS VOLUNTÁRIOS: EXPOSIÇÕES MOSTRAM TRABALHO SOCIAL DE ALUNOS POR TODO O PAÍS

PARCEIROS VOLUNTÁRIOS: EXPOSIÇÕES MOSTRAM TRABALHO SOCIAL DE ALUNOS POR TODO O PAÍS

ONG Parceiros Voluntários

Ver todos