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26/02/2014
Falece Maria Coussirat Camargo, viúva de Iberê Camargo, aos 98 anos
Informamos o falecimento de
Maria Coussirat Camargo, viúva de Iberê Camargo, aos 98 anos, de causas
naturais, ontem (25), às 16h50min, no Hospital Moinhos de Vento. O velório
será hoje (26), das 14h às 20h, no átrio da Fundação Iberê Camargo. O sepultamento
acontece amanhã (27), às 11h, no Cemitério Santa Casa. Em anexo, foto
da Dona Maria com o artista Iberê Camargo. Alertamos que ela é a grande
idealizadora da Fundação Iberê Camargo e guardiã do acervo do artista.
Segue abaixo obituário, depoimento
de Jorge Gerdau Johannpeter, Presidente Executivo da Fundação Iberê
Camargo, depoimento de José Paulo Soares Martins (com poema de Iberê para
dona Maria), Diretor da Fundação Iberê Camargo, depoimento de Felipe
Dreyer de Avila Pozzebon, Diretor-Presidente da Fundação Iberê Camargo e depoimento
de Fabio Coutinho, Superintendente Cultural da Fundação Iberê Camargo.
“Quando
eu estiver deitado na planície, indiferente às cores e às formas, tu deves te
lembrar de mim. Aí onde a planície ondula, a terra é mais fértil. Abre com a
concha da tua mão uma pequenina cova e esconde nela a semente de uma árvore. Eu
quero nascer nesta árvore, quero subir com os seus galhos até o beijo da luz.
Depois, nos dias abrasados, tu virás procurar a sua sombra, que será fresca
para ti. Então no murmúrio das folhas eu te direi o que o meu pobre coração de
homem não soube dizer”. Poema de Iberê Camargo à Maria
Coussirat Camargo
Obituário
Maria Coussirat Camargo foi a mulher que esteve ao lado de Iberê
Camargo em uma jornada de 54 anos. O casal se conheceu em 1936, quando Iberê
mudou-se de Restinga Seca para Porto Alegre. Foi Dona Maria, na época ainda
estudante de Belas Artes, quem emprestou ao então jovem Iberê os materiais com
os quais ele pintou seu primeiro quadro, na Cidade Baixa. O namoro começou e
virou casamento em 1939. Ao lado do marido, ela mudou-se para o Rio de
Janeiro, em 1942, de onde voltaram apenas nos anos 1980 para Porto Alegre. Em
1948 o casal viajou para a Europa, onde permaneceu por dois anos, devido aos
estudos de Iberê em Roma e em Paris. Até seu falecimento, aos 98 anos, Dona Maria viveu na residência que foi a primeira
sede da Fundação Iberê Camargo, no bairro Nonoai, em Porto Alegre. Em 1995,
doou para a Instituição todo seu acervo, composto por obras do marido – entre
desenhos, pinturas e gravuras –, constituindo a coleção que hoje leva o seu
nome e que pode ser vista pelo público durante as exposições.
Depoimento de Jorge Gerdau
Johannpeter, Presidente Executivo da Fundação Iberê Camargo
“O nosso agradecimento à Dona Maria Camargo não tem limites. Ela
dedicou a sua vida no apoio a Iberê Camargo e contribuiu decisivamente com a
minha pessoa e com todos os demais envolvidos para viabilizar a criação e a
consolidação da Fundação Iberê Camargo e de todo o conjunto de atividades que
estamos realizando. Determinada, generosa e zelosa por Iberê Camargo e a sua
arte, deixa-nos um grande exemplo de amor e realizações.”
José Paulo Soares Martins,
Diretor da Fundação Iberê Camargo
“Somos extremamente agradecidos à Maria Camargo por tudo que
realizou e nos permitiu realizar, visando à preservação da obra de Iberê
Camargo. Dona Maria sempre será uma grande inspiração em tudo o que fazemos na
Fundação. Agora, ao invés de no murmúrio das folhas, Dona Maria poderá
ouvir do próprio Iberê o que ele sintetizou neste breve texto de amor, escrito
por ele em sua homenagem:”
Quando
eu estiver deitado na planície, indiferente às cores e às formas, tu deves te
lembrar de mim. Aí onde a planície ondula, a terra é mais fértil. Abre com a
concha da tua mão uma pequenina cova e esconde nela a semente de uma árvore. Eu
quero nascer nesta árvore, quero subir com os seus galhos até o beijo da luz.
Depois, nos dias abrasados, tu virás procurar a sua sombra, que será fresca
para ti. Então no murmúrio das folhas eu te direi o que o meu pobre coração de
homem não soube dizer.
4 – Depoimento de Felipe Dreyer
de Avila Pozzebon, Diretor-Presidente da Fundação Iberê Camargo
“É com extremo pesar que a o
Conselho, Diretoria e colaboradores da Fundação Iberê Camargo participam o
falecimento de sua Presidente do Conselho Superior, Maria Coussirat Camargo,
aos 98 anos, ocorrido na tarde da última terça-feira, dia 25 de fevereiro. Dona
Maria, como era carinhosamente chamada, nos deixa um grande exemplo de
dedicação e companheirismo, e um legado de preservação da memória e da arte
brasileira. Foi uma das idealizadoras desta Instituição e esteve ao lado
de Iberê Camargo em uma jornada que totalizou 54 anos. A coleção da Fundação
leva seu nome, em uma homenagem justa e merecida. Dona Maria ficará para sempre
em nossa lembrança pelo seu belíssimo exemplo de vida. Nosso profundo agradecimento
pela sua imprescindível contribuição para a constituição dessa entidade, cujo
trabalho permanecerá honrando sua memória e a memória de Iberê Camargo.”
5 – Depoimento de Fabio
Coutinho, Superintendente Cultural da Fundação Iberê Camargo
“Dona Maria foi uma mulher admirável, guardiã das memórias, tanto da vida
quanto da obra, de Iberê. Durante todos os anos em que viveu com o artista,
além de catalogar todo o seu trabalho, exerceu um papel relevante em seu
processo criativo. Um ano após a morte de Iberê, em 1995, todas as obras de sua
coleção pessoal foram por ela doadas à Fundação Iberê Camargo, tornando
possível o sonho que ela e seu marido sempre acalentaram em realidade – um
espaço para tornar viva a memória do artista. Do momento da institucionalização
da Fundação até o fim da construção da nova sede, Maria acompanhou todos os
detalhes. A partir do dia em que a Fundação abriu suas portas para receber o
público, Dona Maria esteve sempre presente, emocionando-se com o trabalho
desenvolvido e participando das atividades.Hoje, a Fundação Iberê Camargo se
despede de sua instituidora com profundo pesar.”
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