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09/11/2015
Exposição Iberê Camargo: um trágico nos trópicos chega ao CCBB Brasília
A exposição Iberê Camargo: um
trágico nos trópicos chega ao CCBB Brasília e fica em exibição de 14 de
novembro a 11 de janeiro de 2016. Reconhecida como a melhor exposição
retrospectiva pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), em sua 59ª
edição, a mostra inclui 134 obras, entre pinturas (49), desenhos (40), gravuras
(32) e matrizes (10). Os trabalhos foram especialmente selecionados pelo
curador, professor e crítico de arte Luiz Camillo Osorio para a mostra que já
passou pelo CCBB-SP e MAM Rio.
O público poderá apreciar desde
obras da fase Natureza Morta, iniciada na década de 1950, período
em que Iberê retornou da Europa para o Rio de Janeiro depois de
estudar com mestres como Carlos Alberto Petrucci, De Chirico e André
Lhote, até as grandes e trágicas telas de sua última fase, nos anos 1990, que
incluem as séries das Ciclistas, As Idiotas e Tudo
Te é Falso e Inútil. “O núcleo da exposição é o processo de
amadurecimento da trajetória de Iberê, dos Carretéis até
as telas dos anos 1980, quando a figura humana começa a reaparecer. E como não
poderia deixar de ser, haverá uma pequena mostra complementar
do Iberê gráfico, apresentada como uma exposição de câmara,
intimista, em que muitos dos seus temas e obsessões são trabalhados no corte
preciso da linha e das várias experimentações realizadas como gravador”, diz
Camillo Osorio.
“É justamente o mergulho nas visões cruas e dolorosas da vida que
me parece evidenciar a dimensão trágica da pintura de Iberê, sua densidade
existencial, sua recusa, tão anti-brasileira, a crer que, ao fim, a harmonia
afirmará. Ao longo de sua trajetória, começando com as paisagens, passando
pelos carretéis, pelo flerte com a abstração - uma abstração feita de acúmulos
e não de redução - e chegando às últimas telas com uma figuração assombrosa,
o que vemos é uma paleta pouco solar, uma atmosfera de densidade angustiada, um
corpo matérico onde sensualidade e sofrimento se irmanam incansavelmente”,
escreve o curador em seu texto publicado no catálogo da mostra.
“A obra de Iberê é tão atual, jovem e vibrante, que poderíamos
batizar as celebrações como o Centenário do Garoto, no caso do Rio,
ou o Centenário do Guri, quando a homenagem aconteceu na sua terra
natal, no Rio Grande do Sul”. Luiz Camillo Osório também assina a
organização e apresentação do livro CEM ANOS DE IBERÊ, editado em 2014
pela Cosac Naify em parceria com a Fundação Iberê Camargo. A
obra, de 448 páginas, exibe 272 imagens e 13 textos curatoriais de exposições
do artista realizadas pela Fundação Iberê Camargo.
Segundo Fábio Coutinho, superintendente cultural da Fundação com
sede em Porto Alegre, Iberê Camargo: um trágico nos trópicos é
uma das maiores retrospectivas já realizadas com a obra do artista.
ACERVO DIGITAL
Em Brasília, além das obras, o
público vai poder acessar uma novidade que acaba de ser lançada: o Acervo
Digital da Fundação Iberê Camargo (www.iberecamargo.org.br/acervodigital). São 4 mil obras disponibilizadas em
hotsite, com possibilidade de pesquisas cruzadas entre imagens e informações. O
acervo digital traz ainda centenas de documentos, como catálogos, recortes de
jornais e revistas, correspondências, cadernos de notas e fotografias,
armazenados pela esposa de Iberê, Maria Coussirat Camargo. Das
quatro mil obras, três mil estão em alta resolução, acompanhadas de
fichas técnicas, históricos e informações relacionadas, revelando um repertório
nunca visto antes em exposições. “Estamos acompanhando uma tendência
seguida pelos principais museus do mundo”, diz o superintendente da
Fundação Iberê Camargo, Fábio Coutinho.
Sobre o Artista
Artista de
rigor e sensibilidade únicos, Iberê Camargo é um dos grandes nomes da arte
brasileira do século 20. Autor de uma obra extensa, que inclui pinturas,
desenhos, guaches e gravuras, Iberê Camargo nasceu em Restinga Seca, interior
do Rio Grande do Sul, Brasil, em 1914.
Em 1927,
iniciou seu aprendizado em pintura na Escola de Artes e Ofícios de Santa Maria.
Em 1936, mudou- se para Porto Alegre, onde conheceu Maria Coussirat Camargo. E
foi com tela e tintas dela, então estudante do Instituto de Belas Artes, que
Iberê pintou seu primeiro quadro, às margens do Riacho, na Cidade Baixa – assim
começou o namoro do casal e assim “começou o pintor”. Em 1939, Iberê e Maria se
casaram. Em 1942, ano de sua primeira exposição, o artista e sua esposa
mudaram-se para o Rio de Janeiro, onde viveram por 40 anos.
Admirador e
amigo de artistas brasileiros como Goeldi e Guignard, em 1948 viajou para a
Europa (através de um Prêmio de Viagem ao Estrangeiro, conquistado com sua obra
Lapa, de 1947) em busca de aprimoramento técnico. Durante sua estada, visitou
museus, realizou cópias dos grandes mestres da pintura e estudou gravura e
pintura com Giorgio De Chirico, Carlo Alberto Petrucci, Leoni Augusto Rosa,
Antonio Achille e André Lhote.
De volta ao
Brasil, em 1950, Iberê conquistou inúmeros prêmios e participou de diversas
exposições internacionais, tais como Bienal de São Paulo, Bienal de Arte
Hispano-Americana em Madri, Bienal de Veneza, Bienal de Gravuras em Tóquio,
entre outras exposições importantes. Foi no final dos anos 1950 que, devido a
uma hérnia de disco que o obrigou a pintar no interior de seu ateliê, o artista
desenvolveu um dos temas mais recorrentes em sua pintura: os Carretéis. São
estes brinquedos de sua infância que o levaram, mais tarde, à abstração, e que
estiveram presentes em sua obra até a fase final.
Na década de
1980, retomou a figuração. Mas, ao longo de toda sua produção, nunca se filiou
a correntes ou movimentos. Em 1982, retornou a Porto Alegre, onde produziu duas
de suas séries mais conhecidas: as Idiotas e os Ciclistas.
Iberê Camargo
faleceu em agosto de 1994, aos 79 anos, deixando um grande acervo de mais de 7
mil obras, entre desenhos, gravuras e pinturas. Grande parte desta produção foi
deixada a Maria, sua esposa e companheira inseparável, cuja coleção compõe hoje
o acervo da Fundação Iberê Camargo.
SERVIÇO
EXPOSIÇÃO “IBERÊ CAMARGO
– UM TRÁGICO NOS TRÓPICOS”
De 14 de novembro a 11
de janeiro
Local: Centro Cultural
Banco do Brasil (CCBB) Brasília
SCES, Trecho 2, Lote 22
Classificação etária:
livre. Entrada Franca.
www.iberecamargo.org.br
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