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04/04/2014

Com viés de déficit comercial em 2014, Brasil precisa mais foco no comércio exterior

Promovido pelo Conselho do Prêmio Exportação RS e a ADVB/RS, 2º Almoço da Exportação reuniu principais lideranças do setor para debater competitividade

O Brasil vem exportando menos nos últimos anos, ao mesmo tempo aumentando as importações, o que sinaliza que o fechamento da conta do comércio exterior segue o viés de déficit, projetado em US$ 5 bilhões em 2014 pelo presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, que palestrou no 2º Almoço da Exportação, realizado na quinta-feira (3), no Hotel Sheraton Porto Alegre. “Precisamos fazer nosso dever de casa, isso significa melhorar logística, reformas estruturais, especialmente tributária e trabalhista, desburocratizar (17 órgãos atuam no comércio exterior) e criar uma política externa sem ideologia, puramente econômica, com a escolha de parceiros de fato, ou seja, por seu potencial econômico.

O Brasil precisa ter foco”, explicou ele para uma plateia seleta, formada pelo governador do Estado, Tarso Genro; o prefeito de Porto Alegre, José Fortunati, secretários estaduais, empresários e presidentes de entidades de diversos segmentos. Na mesma linha de se criar um ambiente sustentável de negócios, o CEO da Bunge, Pedro Parente, subiu ao palco para defender a ampliação da capacidade competitiva das empresas. “A falta diálogo entre o governo federal e o setor privado provoca redução no apetite do empresário em investir.” Segundo ele, chega de se tratar as questões de forma superficial, é preciso um posicionamento que dê estabilidade sobre as regras do jogo e, que acima de tudo, adicione valor para os dois lados. O evento, promovido pelo Conselho do Prêmio Exportação RS e a ADVB/RS, marcou o lançamento do Prêmio Exportação RS, que ocorrerá em 9 de junho no Teatro Bourbon Country com o tema “Desafios e alternativas para as exportações gaúchas de manufaturados”.

Segundo José Augusto de Castro, o país exporta peso (commodities), quando deveria embarcar manufaturados - a balança comercial dessa categoria vem registrando déficits consecutivos desde 2007, US$ 9,24 bilhões, cifras que chegaram a US$ 105 bilhões em 2013. Desempenho negativo que vem fazendo a bandeira verde-amarela sumir do ranking dos mais exportadores mundiais nesse segmento. “Hoje, estamos na 22ª posição. Para os Estados Unidos, que lideraram a lista de compradores internacionais, as vendas estão em queda acentuada: em 2003, 32,5% das exportações de manufaturados eram destinadas para o país norte-americano, dez anos depois esse índice caiu para 14%”, argumentou, lembrando que o calçado brasileiro já chegou a ser o segundo item na pauta de exportação.

Em 2004, os americanos importaram US$ 1,02 bilhão em pares e em 2013 o produto nem apareceu na listagem. “Neste momento, o que a indústria do calçado faz é sobreviver. Está tentando se manter por períodos.” O presidente da AEB disse, ainda, que o Brasil precisa investir em países grandes compradores. “Hoje, 50% dos produtos manufaturados vão para a América do Sul, que representa 3% das importações mundiais. Nessa região, temos condições de competir porque a logística permite, porém se jogarmos os embarques para a China, Índia ou Rússia, perdemos em competitividade”, explicou ele.

ENTRAVES - Para Pedro Parente, o Brasil é politicamente e macro economicamente estável, grande exportador de commodities e tem mudanças estruturais positivas pela frente. “As commodities globais crescerão acompanhando o crescimento da China, especialmente do agronegócio”, avisou. Porém, segundo ele, há muitos pontos de entrave no desenvolvimento nacional, entre os principais estão o câmbio, tributação, baixo nível de investimentos e infraestrutura. “Tudo isso, gera consequências a todas cadeias produtivas.” Já o governador Tarso Genro, voltou a frisar a importância do setor exportador para o desenvolvimento do Rio Grande do Sul, não apenas no quesito financeiro, mas na criação de uma identidade econômica, política e social. “A agregação de valor é o elemento-chave deste processo”, destacou Tarso.

Tanto o presidente da ADVB/RS, Carlos Biedermann, como o presidente do Conselho do Prêmio Exportação RS, Renato Malcon, lembraram que a premiação é realizada há 42 anos e considerada o maior evento deste segmento no Sul do País. A proposta é valorizar as empresas que obtiveram os melhores resultados mercadológicos e desenvolveram estratégias inovadoras para expor e comercializar os produtos no mercado internacional. “O objetivo deste encontro é mobilizar as lideranças e representantes do setor exportador para aprimorar a atividade do comércio exterior brasileiro. Queremos gerar a reflexão em prol do desenvolvimento, pois queremos construir um Rio Grande competitivo para ocupar espaço de destaque no mundo globalizado”, frisou Biedermann. Observando que os 14 maiores exportadores mundiais são países primordialmente vendedores de manufaturados, Malcon justificou a escolha do tema Prêmio Exportação 2014, que abordará os desafios e alternativas para as exportações gaúchas de manufaturados. “Sabemos que fomentar o comércio exterior é uma forma de estimular o desenvolvimento da economia local, regional e nacional”, comentou.

O Prêmio Exportação RS é promovido pelas 16 mais representativas instituições vinculadas ao segmento exportador brasileiro que formam o Conselho do Prêmio Exportação RS, que neste ano ganhou mais um integrante: a Agência Polo – Agenda 2020. As empresas são avaliadas em dois grupos de categorias. As qualitativas abrangem Destaques Mercadológico, Setorial, Inovação Tecnológica, Avanço Global, Serviços de Suporte à Exportação e Pequeno Desbravador Internacional. Nas quantitativas estão as categorias Trajetória Exportadora Master, Diversificação de Mercados, Dinamismo Exportador, Destaque Exportador e Dinamismo Exportador – Trading. O prêmio especial Personalidade Competitividade Internacional 2014 homenageará o empresário que, ao longo dos anos, tem ampliado a atuação no mercado exterior, tornando-se referência para o Rio Grande do Sul e o Brasil. 

Conselho do Prêmio Exportação RS

Ø  Associação dos Dirigentes de Marketing e Vendas do Brasil – ADVB/RS

Ø  Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos – Apex-Brasil

Ø  Agência Polo – Agenda 2020

Ø  Badesul

Ø  Banco do Brasil

Ø  Banco do Estado do Rio Grande do Sul – Banrisul

Ø  Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul – FARSUL

Ø  Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul – Federasul

Ø  Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul – Fecomércio-RS

Ø  Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul – FIERGS

Ø  Fundação de Economia e Estatística do Rio Grande do Sul – FEE

Ø  Porto do Rio Grande

Ø  PwC

Ø  Programa Gaúcho da Qualidade e Produtividade – PGQP 

Ø  Secretaria do Desenvolvimento e Promoção do Investimento do Rio Grande do Sul – SDPI

Ø  Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS

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