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05/05/2014
Bagé recebe exposição de Iberê Camargo nesta quinta-feira (8)
A mostra “Iberê Camargo:
Um Homem a Caminho” faz parte do Projeto Itinerâncias, iniciativa da Fundação
Iberê Camargo em parceria com o Sistema Fecomércio-RS/ Sesc, e integra a
programação do centenário do artista, um marco na história das artes visuais
brasileira. A visitação poderá ser feita de 8 de maio a 22 de junho, no Da Maya
Espaço Cultural (Rua General Osório, 572/Anexo – Bagé). O projeto também vai
oferecer capacitação gratuita para professores e mediadores.
Pela primeira vez a cidade
de Bagé terá a oportunidade de receber uma grande exposição individual de Iberê
Camargo, um dos maiores pintores de sua geração, que marcou a arte moderna na
segunda metade do século XX no Brasil. Iberê Camargo: Um Homem a Caminho
faz parte do Projeto Itinerâncias da Fundação Iberê Camargo, realizado em
parceria com o Sistema Fecomércio/Sesc-RS, e integra a programação comemorativa
do centenário do artista. O coquetel de abertura para convidados acontece às
19h. Em julho, a mostra será
apresentada em Lajeado.
Com curadoria da Fundação
Iberê Camargo e coordenação de Eduardo Haesbaert, responsável pelo acervo da
Instituição e coordenador do Programa Artista Convidado do Ateliê de Gravura, a
mostra irá reunir 63 trabalhos, entre desenhos, gravuras em metal, guaches,
serigrafias e litografias, produzidas entre os últimos anos da década de 60 e o
final da vida do artista, em 1994. A visitação poderá ser feita de 8 de maio a
22 de junho, no Espaço Cultural da Maya.
O recorte escolhido
destaca a passagem, na obra de Iberê, do viés abstrato alcançado a partir da
observação de carretéis para o protagonismo da figura humana. Ciclistas,
manequins, modelos, mendigos e músicos são personagens com os quais o artista
se deparou pelas ruas de Porto Alegre quando retornou do Rio de Janeiro, em
1982. “Ele fazia os esboços na rua mesmo para depois criar as obras. O
interessante é esse olhar sobre a cidade e as figuras se transformando em
personagens. E é impressionante como estes personagens agora estão cada vez
mais se proliferando pela cidade, são de fato, “homens a caminho”, diz Eduardo
Haesbaert. De acordo com Eduardo,
umas das obras de destaque da mostra e que melhor representa essa visão do
artista é “Mendigos da Redenção” (1987), desenho em que mendigos posaram para
que Iberê pudesse retratá-los em meio à fonte central do Parque Farroupilha, em
Porto Alegre, conhecido como Parque da Redenção.
Para o Diretor Regional do
Sesc/RS, Everton Dalla Vecchia, “a mostra é um marco no desenvolvimento de
ações do Arte Sesc – Cultura por toda parte, na área de artes visuais, segmento
que a instituição é reconhecida como um dos principais agentes no país,
contribuindo em vertentes de exposições individuais e coletivas, locais,
nacionais e internacionais, e na formação artística por meio de cursos,
oficinas, seminários, com o objetivo de qualificar o público e os profissionais
do setor cultural”. O superintendente da Fundação Iberê Camargo, Fábio
Coutinho, salienta que o projeto Itinerâncias “cumpre a missão da Fundação de
preservar e divulgar a obra do artista, aproximando a obra e legado de Iberê
com o público de seu estado natal. A parceria do Sistema Fecomércio/Sesc-RS,
estabelecida com sucesso em 2012, potencializa as ações e o seu alcance junto
ao público, tema particularmente importante no ano do centenário do nascimento
de Iberê”.
Em Iberê Camargo: Um
Homem a Caminho, a Fundação Iberê Camargo que transmitir, da maneira mais fiel possível, a concepção do próprio
artista sobre a sua obra. Desde o título, uma frase de sua autoria, toda a
montagem tem uma relação bastante clara com o texto “Eu pintei a morte”, também
escrito por Iberê. Nele, o artista descreve brevemente sua inspiração nas cenas
do cotidiano e o processo de produção. Leia na íntegra:
Eu pintei
a morte
Os motivos de meus quadros
são visões do cotidiano, que transporto para o mundo das lembranças sob a
inspiração da fantasia.
Certa vez, decidi pintar
uma cena que via diariamente a caminho do ateliê: um cego, tocador de sanfona,
sentado em um tamborete, com a bengala encostada ao muro, um pires sobre a
calçada para recolher as esmolas e um velho cão deitado a seus pés. Nada mais
prosaico do que essa cena que mais move à caridade do que provoca emoção estética.
Mas por que não fazer com ela uma obra de arte? Foi a pergunta que me fiz e o
desafio que me coloquei.
Numa das minhas passagens
pelo local, fiz um rápido croqui do modelo e me pus a executar o quadro.
Partindo dessa realidade de escasso valor plástico – considerava o modelo
inexpressivo – e sem recorrer a fontes ancestrais, a arquétipos, como faz
Picasso, porfiei, em vão, interpretá-lo com vigor e verdade. Sempre, ao colocar
a última pedra, a construção desmoronava. Com a teimosia que alimenta o criador,
varei a noite fazendo e refazendo a obra, até a exaustão.
O primeiro clarão da manhã
veio iluminar uma tela – O sanfoneiro – lívida de cor: cinza sobre cinza,
branco sobre branco. A figura de mulher que nascera, que ali estava sentada,
era esquálida, de aspecto soturno e inquietante. A sanfona, que de início
repousava sobre o regaço, deixara apenas vestígio. Longos dedos descarnados
tamborilavam sobre as costelas à mostra. Era a morte que tocava na sua própria
caixa torácica, emitindo um som cavernoso, abafado. Reconheci de imediato o cão
que a acompanha, esse que, por certo, devora os cadáveres.
O quadro foi exposto sem
nenhuma probabilidade de venda, tal sua mórbida expressão. Porém,
inesperadamente, à véspera do encerramento da mostra, um jovem o adquiriu e
prometeu retornar no dia seguinte para apanhá-lo. Nesse dia, o comprador foi
encontrado morto sobre o piso ensanguentado de seu apartamento.
A morte se antecipara.
Iberê Camargo
Porto Alegre, 7 de agosto
de 1993
Encontro
para Educadores
O Projeto também oferece
oportunidade de capacitação por meio do Encontro para Educadores,
que será realizado no dia 9 de maio, das 9h às 12h, no mesmo espaço, com o
objetivo de estimular e preparar os professores para levar suas turmas à
exposição e incentivar o desenvolvimento de projetos interdisciplinares em sala
de aula criados a partir do contato com as obras. Camila Monteiro, Coordenadora
do programa Educativo, e Eduardo Haesbaert irão se reunir com professores no
Espaço Cultural Da Maya para uma conversa sobre a obra e a trajetória de Iberê
Camargo. A programação inclui ainda uma visita mediada pela equipe do Programa
Educativo da Fundação Iberê Camargo e a distribuição de material didático
exclusivo. A atividade é voltada para educadores de todas as áreas do
conhecimento, pessoas ligadas à instituições educativas ou culturais. As
inscrições podem ser feitas pelo telefone 53 - 33111874 ou contato@damayaespaço
cultural.art.br
Formação
para Mediadores
Estudantes, educadores,
profissionais do meio cultural também terão a oportunidade de participar do
curso de Formação de Mediadores, no dia 9 de maio, das 14h as 17h. O objetivo é
preparar os profissionais que trabalharão na exposição para o atendimento dos
diferentes tipos de públicos, considerando as especificidades da exposição.
Espera-se que o trabalho desenvolvido por eles ao longo da exposição estimule a
reflexão e a participação dos visitantes, potencializando o papel do público
como agente da arte. Cada participante receberá material didático. Mais informações e
inscrições pelo 53 - 33111874 ou contato@damayaespaço cultural.art.br
SERVIÇO:
O QUÊ: Exposição Iberê
Camargo: Um Homem a Caminho
QUANDO: 8
de maio a 22 de junho
ONDE: Da Maya Espaço Cultural
(Rua General Osório, 572/Anexo - Bagé/RS
HORÁRIO: Terça-feira à sexta-feira,
das 14h às 18h30min e sábado e domingo, das 15h às 18h30min
INGRESSO: Gratuito
INFORMAÇÕES: (53) 3311-1874
REALIZAÇÃO: Fundação Iberê Camargo e
Sistema Fecomércio/Sesc-RS
FINANCIAMENTO: Lei de Incentivo à
Cultura do Estado do Rio Grande do Sul
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