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24/02/2014
Antonio Dias - Potência da Pintura abre o calendário de exposições da Fundação Iberê Camargo
No
ano marcado pelo centenário de Iberê Camargo, a Fundação Iberê Camargo abre a
sua agenda de exposições de 2014 com Antonio Dias - Potência da Pintura,
criada especialmente para o espaço. A mostra vai ocupar dois andares
expositivos e o átrio com 28 obras, 23 delas pinturas. Desafio permanente ao
convencional, a contundência plástica e o olhar
crítico e irônico do consagrado artista poderão ser conferidas pelo público de
14 de março a 18 de maio.
No ano do centenário de Iberê
Camargo, a Fundação que leva o nome do artista abre o calendário de 2014 em 14
de março com uma grande exposição de Antonio Dias, nome fundamental da arte
brasileira, assinada pela curadoria do crítico e historiador de arte, Paulo
Sergio Duarte. No dia 29 do mesmo mês, as pinturas realizadas por Iberê nos
anos 1980, quando deixou o Rio e regressou a Porto Alegre, foram selecionadas
por Lorenzo Mammi para Iberê Camargo: As Horas – O Tempo como Motivo. Com
uma abordagem do conceito antropológico de “dádiva”, o sempre surpreendente Nuno
Ramos apresenta no dia 30 de maio Duas Dádivas, com a curadoria de
Alberto Tassinari. No mesmo dia abre a coletiva Liberdade em Movimento,
com proposta curatorial de Jacopo Visconti, que utiliza o movimento (do artista ou
da própria obra) como estratégia criativa.
Já 22 de agosto será dedicado à Arte Povera, um dos
principais movimentos da história da arte do século XX,
com Traçar o
Espaço Marcar, o Tempo, que tem
curadoria do italiano Gianfranco Maraniello, diretor da Instituição dos Museus
de Bologna.
O
grande momento da Programação acontece no dia 18 de novembro, dia em que
Iberê Camargo estaria completando 100 anos. O centenário vai receber uma
homenagem à altura do mestre, um dos mais importantes artistas brasileiros do
século XX, com obras e apresentações exibidas nos três andares expositivos do
prédio, rampas, átrio e parte externa. A montagem das atividades e da mostra
oficial tem curadoria do Comitê Curatorial da Fundação, integrado por Icleia
Cattani, Jacques Lenhardt e Agnaldo Farias. A programação dedicada a Iberê vai
se estender até março de 2015.
Antonio
Dias - Potência da Pintura
Com
abertura programada para convidados em 13 de março, a aventura cromática, a força do elemento pictórico e a contundência
plástica da pintura de Antonio Dias, considerado como um elo entre o
modernismo, o neoconcretismo e os artistas da década de 70, poderá ser
conferida em Antonio Dias - Potência da Pintura, exposição
concebida especialmente para a Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre. A
mostra reunirá 28 obras recentes do artista (1999-2011) - 23
pinturas, esculturas, objetos e instalações - divididas entre o terceiro e o
quarto andar do prédio. O boneco “peludo”, com o tamanho real de um homem,
Seu Marido (2002), construído com latas de refrigerantes e recoberto por
lycra amarela imitando pelos, e a tela História Resumida para Crianças
(2005), receberão o público já no átrio. Em seus múltiplos meios de
expressão, que contemplam tela, instalações, performances, gravura, fotografia,
um LP, vídeo, objetos, a pintura dos últimos 13 anos é o ponto evidenciado no
recorte do crítico e historiador de arte Paulo Sergio Duarte, curador da
exposição e grande especialista na obra do artista.
“É uma exposição que eu
mesmo espero ver, no sentido de me fazer perceber o que
foi feito nestes últimos anos. Raramente tenho a oportunidade de ter
quatro ou cinco telas recentes no meu atelier, são sempre poucos trabalhos e as
exposições - proporcionalmente - são muitas. Às vezes, quando
quero conviver mais com um trabalho, tenho que escondê-lo em outro atelier,
para que eu possa ficar mais tempo pensando no que ele me propõe. Deste ponto
de vista, a mostra é uma ocasião única também para mim. Isto foi possível
graças à generosidade dos vários colecionadores e galeristas que emprestaram as
obras”, diz Antonio Dias.
Para Paulo Sérgio, a pintura de Antonio Dias sempre desafia,
produzindo simultaneamente superfície plana e volume. “A intensidade se divide
e se movimenta de plano para plano. Diferencia-se porque cada momento da tela
ao lado da tela, ao lado da outra tela, varia. Tem atritos, conflita entre si,
essa briga interna, entre planos pacíficos, os vermelhos, por exemplo, que
eclodem da sua verdade, evidente, e as superfícies ambíguas, que flutuam, nos
cobres, dourados e verdes de malaquite”.
O processo para alcançar nuances tão ricas e únicas, com a
dissolvição de cores segmentadas em porções de pinturas, já foi descrito por
Antonio em entrevistas: “Às vezes é pigmento, na maior parte são minerais, mas
é mais um material derramado, um banho de pós e aglutinantes que eu deixo
escorrer na superfície. A única cor que é realmente tinta de pintura é o
vermelho, que uso quase sempre chapado, sem marcas de pincel”.
Em Duas Torres (2002), criadas com latas de alimentos
fundidas em bronze e apresentada na Fundação
Iberê Camargo, Antonio Dias faz referência à tragédia de 11 de setembro de
2001, nos Estados Unidos. “É um trabalho político explícito. Essas torres que
podemos abraçar, encerram nos seus corpos a nossa tristeza e a nossa impotência
diante da história. São os melhores monumentos aos mortos de nossos dias, na
sua dimensão modesta, firmeza material e fisionomia do resto; daquilo que é
desprezado, uma escultura à altura do pensamento de Walter Benjamin. Melhor que
qualquer Arco do Triunfo e chama ao soldado desconhecido”, diz o curador
Paulo Sergio Duarte em seu texto do catálogo da mostra.
O deboche ganha forma com a obra Seu marido, cuja pele
em tecido elástico amarelo foi confeccionada pela Coopa-Roca, uma cooperativa
de artesanato e costura da comunidade da Rocinha, no Rio de Janeiro. “Ele é o
retrato do homem contemporâneo. É grande, e exorbita na sua pele, tem pelos
enormes, seria quase um gorila, não fosse amarelo. Seu membro é enorme, é um
quinto membro, pois concorre com suas pernas. Vive sentado, nunca fica em pé,
mas de vez em quando tem uns tremeliques. Excita-se, treme, mas depois se
acalma. Essa imensa figura patética e tão divertida, sua existência quase
inerte, realizada por espasmos, não tem um pouco de cada humano diante da
imensidão do Ser? Esse deboche é quase um retrato”, comenta o curador.
Na instalação Satélites (2002), latas de queijo fundidas
em bronze transformam-se em esculturas aéreas. “Esse microuniverso, de
satélites sem planeta, sugere que o planeta somos nós. Ao observarmos, temos
apenas nossos satélites que, por um momento, nos pertence”, comenta Paulo
Sergio.
O QUE | Exposição Antonio Dias – Potência da Pintura
ABERTURA | 13 de março, das 19h
às 21h
VISITAÇÃO | 14 de março a 18 de
maio de 2014
ONDE | Fundação Iberê
Camargo, Av. Padre Cacique, 2000, Porto
Alegre – RS
ENTRADA FRANCA | As empresas Gerdau,
Itaú e Vonpar garantem a gratuidade do ingresso.
Sobre
Antonio Dias
Nasceu
em 1944, em Campina Grande(PB). Em 1957, muda-se para o Rio de Janeiro. Estuda
sob a orientação de Oswaldo Goeldi no Ateliê Livre de Gravura da Escola
Nacional de Belas-Artes. Realiza trabalhos de artes gráficas e o projeto de
programação visual da Editora Tempo Brasileiro. Já em 1962, aos 18 anos,
participa das primeiras exposições coletivas e realiza sua primeira individual
na Galeria Sobradinho e, em 1964, a segunda na Galeria Relevo, ambas no Rio de
Janeiro. Em 1965, participa da Bienal de Paris,onde recebe o prêmio de pintura,
e da antológica Opinião 65,no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Ganha o
prêmio da exposição “Jovem desenho brasileiro”,Museu de Arte Contemporânea da
Universidade de São Paulo.
Em
1966, participa da Opinião 66; em 1967, da “Nova objetividade brasileira”,
ambas no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Nesse mesmo anomuda-se para
Paris quando participa da mostra itinerante “Science fiction”, apresentada na
Kunsthalle de Berna, no Musée des Arts Décoratifs de Paris e na Städtische
Kunsthalle de Düsselforf. Citado, frequentemente, como um dos mais importantes
artistas brasileiros de sua geração, Antonio Dias deve seu sucesso inicial ao
talento precoce que manifestou numa produção crítica paralela à pop-art norte-americana
e que conseguiu manter com vitalidade ao longo dos últimos 30 anos. Os ícones
poderosos, dispostos numa composição inusitada que rompia as fronteiras entre a
pintura e a escultura, marcaram seu trabalho do início dos anos 60 até 1967.
Em
1968, muda-se para Milão, cidade onde até hoje mantém uma de suas residências e
ateliê. Ainda em 1968, inicia suas investigações conceituais concentradas na
reflexão poética sobre as relações entre palavra e imagem, sendo, portanto, um
dos pioneiros nessa linha de experiências. Participa da mostra “Dialogue between the Eastand the Western”, no
National Museum of Modern Art de Tóquio, onde apresenta a instalação Do it
yourself: freedom territory. Essas preocupações se estenderão até a
segunda metade da década de 70. Em 1971, participa na 6th International
Exhibition, no Guggenheim Museum de Nova Iorque; em 1972, ganha o Grande Prêmio
da International Exhibition of Original Drawings, em Rijeka, Iugoslávia, atual
Croácia; ainda no mesmo ano recebe a bolsa da John Simon Guggenheim Foundation.
Em
1988, recebeu a bolsa do Programa para Artistas de Berlim do Deutschen
Akademsichen Austauschdiensts (DAAD). No segundo semestre de 1994, o Instituto
Mathildenhöhe de Darmstadt realizou uma grande exposição retrospectiva dos
trabalhos de 1967 a 1994.Depois, entre 2000e 2002 fez uma série de exposições
no Brasil: no Museu de Arte Contemporânea (Coleção João Sattamini), Niterói;
Museu de Arte Moderna, São Paulo; Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro;Museu
Vale do Rio Doce, Vitória; Espaço Cultural Contemporâneo Venâncio, Brasília;
Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, Fortaleza; Museu de Arte Moderna
Aloísio Magalhães, Recife.Em 2009 e 2010 foi apresentada a exposição “Anywhere
is myland”, na Daros, em Zurique, e na Pinacoteca do Estado de São Paulo.
Suas
obras estão em importantes acervos como no Museum of Modern Art de Nova York,
no Museum Ludwig de Colônia, na Lenbachhaus de Munique, no Museo de la
Solidaridad, em Santiago do Chile, na Coleção Daros de Zurique, no Museu de
Arte Moderna do Rio de Janeiro,no Museu de Arte Contemporânea de Niterói
(Coleção João Sattamini), no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São
Paulo, no Museu de Arte Moderna de São Paulo, entre outros.
Sobre
Paulo Sérgio Duarte
É crítico, professor de história da arte e pesquisador
do Centro de Estudos Sociais Aplicados – CESAP – da Universidade Candido Mendes
na qual dirige o Centro Cultural Candido Mendes. Exerceu diversos cargos
públicos na direção de instituições da educação e da cultura, entre outros
participou da implantação do Núcleo de Arte Contemporânea – NAC da Universidade
Federal da Paraíba – UFPb (1978-1979); projetou e implantou o programa Espaço
Arte Brasileira Contemporânea – Espaço ABC – da Funarte (1979-1983); dirigiu o
Instituto Nacional de Artes Plásticas da Funarte – INAP (1981-1983); foi
Assessor-Chefe do Instituto Municipal RioArte, Chefe de Assessoria e Chefe de
Gabinete da Secretaria Municipal de Educação e Cultura do Rio de Janeiro
(1983-1986); foi Diretor Geral do Paço Imperial – IPHAN (1986-1990);
Subsecretário de Educação do Estado do Rio de Janeiro (1991-93) e membro do
grupo de implantação da Universidade Estadual Norte Fluminense – UENF
(1991-1995).
Desde
1978, foi curador de muitas exposições individuais e coletivas de diferentes
portes nas instituições que dirigiu, Curador Geral da 5ª Bienal do Mercosul
(2005), do programa Rumos Itaú Cultural – Artes Visuais (2008-2009), e, junto
com Felipe Scovino, da exposição Lygia Clark – uma retrospectiva (2012)no
Instituto Itaú Cultural. Coordenou e participou de diversos encontros,
congressos e seminários na área de artes visuais e patrimônio cultural.
Lecionou
Estética nos departamentos de Arquitetura e Urbanismo, e Artes e Comunicação na
Universidade Federal da Paraíba – UFPb (1978-1979); História da Cultura no
curso de Desenho Industrial da Universidade Silva e Souza (1981-82); História e
Arte Moderna no curso de pós-graduação de História da Arte e da Arquitetura no
Brasil do departamento de História da PUC-Rio (1987-1990); Teoria e História da
Arte na Escola de Artes Visuais do Rio de Janeiro – Parque Lage (1998 a
2005,onde voltou a lecionar desde 2012); desde 2000 leciona nos cursos de
pós-graduação de Gestão Cultural e Produção Cultural da Universidade Candido
Mendes.
IBERÊ CAMARGO:AS
HORAS – O TEMPO COMO MOTIVO
Artista | Iberê Camargo
Curadoria | Lorenzo Mammi
29 de março | Abertura e visitação
DUAS DÁDIVASArtista
| Nuno RamosCuradoria
| Alberto Tassinari
29 de maio | Abertura
30 de maio a 10 de agosto | Visitação
LIBERDADE EM MOVIMENTO
Curadoria Jacopo Visconti
29 de maio | Abertura
30 de maio a 10 de agosto | Visitação
TRAÇAR O ESPAÇO, MARCAR O
TEMPO
Curadoria
| Gianfranco Maraniello
21 de agosto | Abertura
22 de agosto a 02 de novembro | Visitação
CENTENÁRIO
DE IBERÊ CAMARGOComitê
Curatorial | Icleia Cattani, Jacques Lenhardt e Agnaldo
Farias
18 de novembro | Abertura
19 de novembro a 22 de março de 2015 |
Visitação
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