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ONGs também precisam melhorar a gestão
Da iniciativa ao poder público, uma boa gestão é mais do que uma necessidade. A administração de recursos, os mais variados, é que vai determinar o sucesso das ações. O contrário, mesmo quando não resulta em fracasso pode levar a um processo muito mais longo e custoso. No terceiro setor, gerenciar todos os processos também é fundamental, tanto para ganhar mais apoio como para fazer o melhor proveito das parcerias estabelecidas.
Essa perspectiva é defendida pela ONG Parceiros Voluntário, que tem Maria Elena
Johannpeter como presidente. Na segunda-feira, às 13h30min, Maria Elena apresenta na Controladoria-Geral da União, na Capital, o potencial promovido pela qualificação da gestão das organizações sociais. Na ocasião, ocorre o encerramento do curso Educando para a Transparência, ministrado durante oito meses, capacitando 117 pessoas de 21 organizações sociais do Rio Grande do Sul, e o lançamento do livro ONG Transparência como Fator Crítico de Sucesso, assinado por Maria Elena e pelaescritora Naida Menezes.
A obra relata casos bem sucedidos de 42 organizações sociais do Rio Grande do Sul e da Bahia (localidades onde o curso é oferecido) que passaram pela capacitação entre 2013 e 2014, além de dados que demonstram a importância do projeto. Apenas para citar as mais recentes, na turma que encerra o ciclo, nesta segunda-feira, todas as organizações adotaram ferramentas de gestão no dia a dia e 58% já obtiveram aumento de receita.
Jornal do Comércio–Quantas ONGs participaramdo curso Educando para a Transparência e quais foramos efeitos decorrentes dele no cotidiano dos participantes?
Maria Elena Johannpeter – De 2008 a 2014 tivemos 118 organizações participando do projeto, todas foram muito bem sucedidas, porque a metodologia tem vários eixos, o que favorece com que cada uma escolha o mais adequado às suas necessidades, como planejamento estratégico, comunicação, desenvolvimento de lideranças.
JC – Como se tornou evidente a necessidade de qualificar a gestão do terceiro setor?
Maria Elena – No Brasil, segundo o IBGE, existem 290 mil ONGs e elas enfrentam muitas dificuldades. Com a crise financeira, as necessidades ficaram mais evidentes. No momento do aperto, as empresas cortam gastos primeiramente pelo lado social. A Parceiros Voluntários atua, desde o seu início, em 1997, como intermediária, unindo voluntários e organizações, porque recursos humanos é a grande fragilidade. Até 1999 esse foi o nosso foco, mas percebemos que muitas pessoas qualificadas não permaneciam nas ONGs porque sentiam que havia deficiências de gestão. Nós passamos a atuar observando também a qualificação da gestão.
JC – Quais são os desafios da Parceiros Voluntários a partir daqui?
Maria Elena – Em relação ao curso da transparência vamos continuar batalhando por recursos financeiros para fornecer qualificação gratuita como é a nossa prática. Na Bahia, conseguimos mobilizar um pool de empresas para lançar dois novos cursos, de liderança e gestão. Lá, sensibilizamos a iniciativa privada para que conseguíssemos manter o projeto por mais dois anos. O desafio, agora, é conquistar isso também no Rio Grande do Sul. Esse é o trabalho que vamos manter. No Estado, existem 18 mil projetos sociais,na Bahia são 26 mil. Então, tem um campo grande para atuação mostrando para empresas, governos e sociedade, que o terceiro setor precisa de uma boa gestão. As causas sociais olham para aspectos fundamentais. Todas são importantes para nossa sociedade.
ONG Parceiros Voluntários